Trata-se de uma vantagem robusta e inquestionável, revelada por pesquisa de intenção de voto de grande alcance – 3 mil entrevistados em todo o Estado – mas os números por si não mostram a real dimensão do que está por trás de um possível (mas não provável) confronto entre Renan Filho e João Henrique Caldas, o JHC.

Os números apresentados pelo Ibrape na quinta-feira, 19 de dezembro, são eloquentes: 47% de Renan Filho contra 37% de JHC, portanto, vantagem de 10% ou 10 pontos percentuais. O que isso significa? Para uma compreensão didática, simples, convém ter como parâmetro o eleitorado alagoano apto a votar neste ano de 2024: 2 milhões e 400 mil, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Dez por cento em cima desse total corresponderia a 240 mil votos.

Obviamente, não é esse – como não foi em outubro último – o universo de eleitores que frequentam as urnas. Considerando, então, abstenção e votos nulos e brancos, numa majoritária para o governo do Estado, a estimativa deve girar em torno de 1 milhão e 500 mil votantes – em projeção para a sucessão estadual daqui a dois anos. Nessa hipótese, Renan Filho teria hoje uma vantagem nada desprezível de 150 mil votos.

Mas, falta aí um componente fundamental, que a pesquisa não mostra – nem poderia, já que o momento não é de campanha, isto é, de mobilização de forças políticas: o capital político, ou seja, o apoio que cada um deve receber ao longo do embate eleitoral.

O dado é crucial. Embora tenha obtido grande votação ao ser reeleito em Maceió, JHC não tem força no interior – onde seu PL não elegeu nenhum prefeito (contra 65 do MDB). A situação ficará mais crítica se não contar com o respaldo do deputado Artur Lira (PP), que é seu aliado, mas antes é aliado dele próprio.

Enquanto isso, Renan Filho terá o apoio de 80 prefeitos (eleitos e reeleitos) e de mais de 400 vereadores, igualmente eleitos e reeleitos. Esses fazem a diferença atuando direta e pessoalmente junto ao eleitorado. Terá 5 deputados federais e pelo menos 23 dos 27 estaduais. Terá o apoio do governador Paulo Dantas, com índice de aprovação crescente, e do presidente Lula. Isso sem falar no peso das conquistas de Alagoas durante seu dois mandatos como governador. Então, somando-se todos esses fatores e com todos esses líderes em ação, qual seria mesmo o resultado da pesquisa Ibrape?

Disse, na abertura, que o confronto Renan Filho x JHC era possível, mas não provável, justamente por entender que o prefeito de Maceió não se lançará numa aventura desse porte sem, antes, avaliar prós e contras e chegar a uma conclusão segura que somente os números – frios e inexoráveis – podem lhe apresentar.