Com sintoma de quadro político terminal, Cunha entrega futuro nas mãos de JHC
Desencadeada pelo fraco desempenho no Congresso Nacional e ampliada com a desnorteante derrota sofrida na eleição para governador de Alagoas, em 2022, a desidratação política do agora ex-senador Rodrigo Cunha se acentuou ainda mais com o desaparecimento, na eleição de outubro último, do mínimo de estrutura municipal que ainda lhe restava.
Sem espaço em Maceió, dada a liderança do aliado João Henrique Caldas, o JHC, e sem nenhuma chance de concorrer em sua terra, Arapiraca, Cunha percebeu que só lhe restava um salva-vidas: carona na chapa de JHC como candidato a vice-prefeito.
Para conseguir o ‘cargo’ de vice e se manter na estrutura da gestão na capital, Cunha teve porém de abrir mão de dois anos de Senado que ainda lhe restavam, tanto que precisou renunciar para
dar lugar, no Congresso, à suplente Eudócia Caldas, mãe do prefeito JHC, seu aliado e chefe.
Para completar o processo de definhamento político, o Podemos, partido de Rodrigo Cunha, contava com uma prefeitura e acabou sem nenhuma ao final da eleição municipal em que o MDB, do senador Renan Calheiros, elegeu 65 prefeitos, seguido distante pelo PP do deputado Artur Lira, que venceu o pleito em 27 municípios, um a menos que em 2020.
Uma vez diagnosticado com sintomas de ‘quadro político terminal’, Cunha então resolveu entregar seu incerto futuro político nas mãos de JHC...
CARREIRA
Eleito deputado estadual ao som da repercussão causada pelo atentado que vitimou sua mãe, a então deputada federal Ceci Cunha, em 1998 – e também após ter exercido o cargo de coordenador do Procon/Alagoas por indicação do então governador Teotonio Vilela Filho, do PSDB, Cunha adotou um discurso moralista na Assembleia, fazendo denúncias sobre desvios de recursos públicos, e em seguida se elegeu para a Câmara dos Deputados.
Sua eleição ao Senado se deu em 2018, quando o senador Renan Calheiros (MDB) se reelegeu mais uma vez, e ele, Cunha, terminou ficando com a vaga do então senador Benedito de Lira (PP), pai do deputado Artur Lira.
Além da atuação apagada como senador (lembrando que ele retribuiu a atenção de Téo Vilela abandonando o PSDB), Cunha afundou de vez no conceito da população por atuar contra os interesses de Alagoas na Comissão Parlamentar de Inquérito (a chamada ‘CPI da Braskem’) instalada, a pedido do senador Renan Calheiros, para investigar os danos causados pela tragédia ambiental que atingiu o Pinheiro e outros quatro bairros de Maceió.