O que Renan Filho e JHC têm a perder disputando o governo
Foco central das especulações voltadas para a sucessão alagoana de 2026, um possível, mas não provável confronto entre o senador licenciado, ex-governador e atual ministro dos Transportes, Renan Filho, do MDB, e o prefeito João Henrique Caldas, o JHC, do PL, remete também para possíveis ‘perdas e ganhos’.
Por outro ângulo: em caso de vitória nas urnas, ambos teriam o que comemorar: a conquista do poder estadual, o fortalecimento do respectivo grupo político e abertura de novos horizontes para mais ocupação de espaço e futuras conquistas políticas.
Mas, e em caso de eventual derrota? Aí, sim, há uma diferença muito grande separando a situação de Renan Filho, que não perderia absolutamente nada – além do embate nas urnas – e JHC, que ficaria sem mandato e sem cargo nenhum, além de sofrer o desgaste político com o revés em si.
Simplificando: para sair candidato a governador, JHC terá de renunciar ao mandato e entregar a Prefeitura ao vice Rodrigo Cunha até 30 de abril do próximo ano, ou seja, após cumprir apenas 16 meses dos 48 meses (quatro anos) de sua 2ª gestão.
Nessa hipótese, e já na condição de ex-prefeito, JHC perderá tudo se for derrotado na batalha eleitoral e terá de esperar quatro anos para disputar novo mandato eletivo (nas eleições gerais de 2030), salvo se no pleito municipal resolver disputar uma vaga de vereador, já que não poderá concorrer a um terceiro mandato consecutivo de prefeito.
Daí porque em outras análises já publicadas, a Editoria de Política do Novo Primeira Edição vem avaliando a possibilidade de o prefeito JHC renunciar ao mandato para concorrer como sendo uma decisão de partir para o ‘tudo ou nada’.
Muito pelo contrário, o ministro Renan Filho poderá concorrer a qualquer cargo – e não apenas o de governador – sem correr nenhum risco, isto é, assumindo a condição de ‘franco atirador’.
Ele terá de entregar o cargo de ministro ao presidente Lula (será exonerado no prazo previsto na legislação eleitoral), mas de imediato reassumirá o mandato de senador e concorrerá sabendo que, em caso de derrota, prosseguirá ocupando uma cadeira do Senado Federal por mais quatro anos, ou seja, até 2030.
Tem-se, com esse cenário, que o prefeito João Henrique Caldas não deverá sair candidato a governador em 2026, a menos que, apoiado numa convicção absoluta de vitória – por mais que isso seja improvável em se tratando de eleição – chegue à conclusão de que sairá candidato sem correr qualquer risco de derrota.
Em verdade, JHC pode até se animar com seus feitos na Prefeitura, mas também não poderá esquecer que terá de enfrentar o mais poderoso grupo político formado em Alagoas nos últimos 30 anos, além de um candidato que, governador duas vezes, comandou projetos e executou ações que mudaram por completo a realidade econômica e social de Alagoas.