Por mais que se fale em ‘novo rumo’, ‘reposicionamento’, ‘novo ciclo’, o fato é que a saída de Joaldo Cavalcante da Secretaria de Comunicação, em plena decolagem de nova fase do Governo Paulo Dantas, produziu natural sensação de ‘perda’.

Não é ‘vazio’, que Wendel Palhares, o novo secretário, companheiro de Joaldo de longos anos, sabe de tudo da Secom, reúne experiência e qualificação para realizar um trabalho afirmativo liderando a comunicação oficial de Alagoas. O espaço, portanto, está devidamente preenchido.

Mas a comunicação do Estado sem Joaldo evoca um tabuleiro de xadrez sem sua peça principal. Não é a Secom, é o cenário da comunicação. Campeonato sem o principal artilheiro. A maratona prossegue, atletas de alto nível competindo, esbanjando talento em pautas, fotos e textos primorosos, mas sem o exímio corredor.

Antes da posse de Wendel, salão lotado, presença numerosa de jornalistas no espaço reservado a solenidades do gênero, lá estavam vários ex-secretários de Comunicação, incluindo o primeiro deles – José Osmando, a quem coube conduzir a Secom em 1985, ano de sua fundação, no governo Divaldo Suruagy.

Todos cumpriram seu papel a contento. Osmando, Cláudio Humberto, Rosivan Wanderley, Romero Belo, Edivaldo Júnior, José Elias, Ênio Lins. Todos deixaram sua marca – a individualidade, o estilo, a visão de trabalho – e obtiveram, com justiça, o reconhecimento da classe jornalística, do público e dos próprios governantes. Mas Joaldo foi um diferenciado.

Jornalista do batente, dirigente sindical reconhecido pelo espírito de liderança, Joaldo Cavalcante foi um visionário na comunicação oficial. Com raríssimo poder de organização, fez da Secom (na Prefeitura de Maceió e, sobretudo, no Estado) uma indústria de notícias. De matérias especiais, de coberturas primorosas, de fotos e textos precisos na forma e no conteúdo. Excedeu-se, com raro brilho, criando novas vertentes e espaços de comunicação. Com Paulo Dantas, reativou seu espírito classista e conseguiu – feito histórico – implantar na Secom o piso salarial vigente no setor privado. Grande conquista. Tão relevante quanto à forma cordial e atenciosa de se comunicar social e profissionalmente.

E, apesar dos compromissos, dos múltiplos afazeres, da missão que cumpria com zelo e dedicação apostolar, ainda descobria espaço e tempo para escrever livros. Ótimos livros. Exercitando composições literárias com o vigor de reportagens excepcionais.

Escritor, jornalista completo, por tudo que idealizou e produziu, Joaldo se faz credor de todas as homenagens que está recebendo com atributos e méritos de um grande vencedor.