Rui Palmeira tem voto (muito voto) onde JHC tem voto. E aí?
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Com trajetória que inclui mandatos de deputado estadual, deputado federal, prefeito de Maceió duas vezes e o atual de vereador da capital, o advogado Rui Palmeira (PSD) tem se destacado como um ‘político independente’ e, justo por isso, poderá se lançar candidato a governador no próximo ano.
Diante dessa possibilidade, que já está sendo considerada nos bastidores dos partidos, observadores políticos avaliam o que mudaria no cenário sucessório que vem sendo desenhado e questionam, principalmente, quem seria mais afetado pela presença do ex-prefeito maceioense na batalha das urnas.
Na Assembleia Legislativa, um assessor parlamentar admitiu que não seria difícil fazer cálculos e concluir que a eventual candidatura de Palmeira afetaria muito mais o prefeito João Henrique Caldas, o JHC, em possível confronto com o ex-governador Renan Filho.
• O bloco governista sabe que, reeleito com cerca de 380 mil votos, JHC desfruta de uma posição confortável em Maceió, com grande vantagem em número de eleitores, mas isso mudaria com eventual candidatura de Rui Palmeira que, precedendo o atual prefeito, foi reeleito em 2016 com mais de 240 mil votos – detalhou o auxiliar de gabinete do Poder Legislativo.
Em sua avaliação, se o herdeiro político do governador Guilherme Palmeira sair candidato e conseguir, digamos, 100 mil ou 120 mil votos – o que não seria nada surpreendente já que Rui foi prefeito duas vezes e executou muitas obras e programas sociais – a quase totalidade desses votos viria de JHC, cujo projeto eleitoral, como é sabido, tem como ponto fraco sua ‘votação pouco abrangente’ no interior alagoano.
FRANCO ATIRADOR
Por outro lado, assim como o ministro Renan Filho (MDB) que pode concorrer ao governo sem correr riscos, ou seja, não tem nada a perder, uma vez que continua com o mandato de senador conquistado em 2022, Rui Palmeira também entraria no jogo sucessório estadual como franco-atirador: não obtendo sucesso nas urnas de 2026, continuaria exercendo o mandato de vereador.
LANCE ARRISCADO
Ao contrário de ambos – e isso é motivo constante de comentários entre assessores municipais – a possível candidatura de JHC equivaleria a uma ‘jogada de alto risco’, primeiro porque exigirá que ele renuncie ao cargo e, segundo, porque, em caso de derrota nas urnas, ele ficaria sem mandato até 2028 ou 2030.
Uma explicação para essas datas: se renunciar (para poder ser candidato), e disputar, perder a eleição de 2026, JHC só poderá concorrer em 2028 a um mandato de vereador, pois estará impedido de buscar uma segunda reeleição de prefeito. Ou seja, faria o que Rui Palmeira fez agora (mirando as eleições de 2026) e esperaria para tentar, quem sabe, uma vaga de deputado federal em 2030.