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Novo mapa eleitoral não tem espaço para encaixar Artur Lira como senador

De fato, tido como certo para disputar uma vaga de senador com reais chances de vitória, Lira hoje já não figura como ‘pule de dez

Por Blog do Romero 11/04/2025 15h03 - Atualizado em 11/04/2025 15h03
Novo mapa eleitoral não tem espaço para encaixar Artur Lira como senador
Mapa político redesenhado exclui Lira da corrida ao Senado - Foto: Reprodução

Menos de três meses atrás, e mesmo com o mandato presidencial expirando, Artur Lira (PP) desfilava em Brasília cercado de assessores e seguranças, tal como o fazem os mandatários. Era o retrato da força, do poder de um dos dirigentes do Congresso Nacional em tempos de semiparlamentarismo disfarçado.

No começo de fevereiro, porém, Lira passou o comando da Câmara dos Deputados ao paraibano Hugo Mota, e só não sumiu por completo graças à inscrição de seu nome na lista dos ministeriáveis. Não era o fim do mandato legislativo, mas do período em que, no comando da Casa Legislativa, exerceu com intransigência sua autoridade, ampliada ao se relacionar com o governo Lula fazendo valer o velho e rendoso ‘toma lá e dá cá’.

Depois disso, mergulhou de vez e só emergiu porque Lula, em viagem ao Japão, teve a ideia de se fazer acompanhar não apenas dos atuais presidentes da Câmara e do Senado (Davi Alcolumbre e Hugo Mota), mas também de seus antecessores (Rodrigo Pacheco e Artur Lira). Mas a reforma ministerial, que abriria espaço para Artur Lira, não avança, continua empacada.

Lula precisa de Lira, pela influência que ele ainda exerce junto aos deputados, mormente do Centrão, sempre atendidos em suas cobranças por milionárias emendas parlamentares. O presidente tem o apoio institucional do Senado, mas, na Câmara, os projetos do Planalto só avançam com ‘dinheiro na conta’. E acontece que, sozinho, Hugo Moto pode não dar conta do recado, daí a necessidade de manter Lira no circuito.

Enquanto isso, a indefinição sobre o convite para Lira assumir um ministério (ele se contenta com o da Agricultura), tem produzido reflexos na política de Alagoas, onde o cenário voltado para as eleições do próximo ano exibe sinais de mudanças substantivas, mas sutis, sem ruídos. E, nesse meio, a cotação do antes poderoso Artur Lira parece despencar no conceito e avaliação dos observadores políticos de plantão.

De fato, tido como certo para disputar uma vaga de senador com reais chances de vitória, Lira hoje já não figura como ‘pule de dez’. No xadrez onde as peças originais são representadas por nomes de possíveis candidatos às majoritárias do próximo ano – governo e Senado – o herdeiro de Biu de Lira já estaria fora do contexto. Sem apoio, sem respaldo partidário e sem espaço para consolidar sua pretensão de concorrer para senador ao lado de Renan Calheiros.

Com o avanço de negociações silentes e conversas de bastidores, o novo mapa eleitoral para 2026 estaria se formando com Renan Filho governador, Renan Calheiros senador e João Caldas filho (prefeito JHC) também senador.

O desenho rabiscado terá ainda de se completar com a definição do nome para vice-governador e das posições reservadas (ou em discussão) para nomes que estão dentro desse caldeirão em ebulição,a exemplo da senadora Eudócia Caldas, do pretenso candidato ao Senado Davi Filho e do ex-deputado João Caldas.

O certo é que por essa ótica transparente, sem miopia e sem astigmatismo, Artur Lira aparece sem forças para se impor e terá de se contentar com mais um mandato de deputado federal.

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Sobre o blog

Iniciou-se no Jornalismo como redator do Diário de Pernambuco. Foi editor do Diário da Borborema (PB) e do Jornal de Alagoas. Exerceu os cargos de secretário de Comunicação da Prefeitura de Maceió e do Estado de Alagoas.

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