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Sem Calheiros e sem Caldas, Lira teria apelado para Lula interceder contra o MDB alagoano

Por Blog do Romero 15/04/2025 06h06
Sem Calheiros e sem Caldas, Lira teria apelado para Lula interceder contra o MDB alagoano
Lance de bastidores evidencia fragilidade de Arthur Lira - Foto: Reprodução

Expelido do contexto e, agora, imprensado entre duas forças políticas do estado, o deputado Artur Lira (PP) teria recorrido ao presidente Lula, em Brasília, num esforço agônico para mostrar que ainda está vivo, embora sem poderes.

Um registro de Lauro Jardim, de O Globo, sobre uma visita do parlamentar alagoano ao presidente, suscitou ilações e uma delas sugere que Lira teria pedido a intervenção de Lula para ‘impedir’ a candidatura de Renan Filho (MDB) ao governo de Alagoas.

Curiosamente, uma estratégia conhecida que não funcionou: o mesmo Lauro Jardim, lá atrás, anotou que o prefeito João Henrique Caldas, determinado a disputar o governo alagoano, também recorreu a Lula para deixar Renan Filho de fora da eleição para governador em 2026.

Sobre JHC, sabe-se que ele, na visita ao presidente, ofereceu sua filiação a um partido da base governista e o apoio de sua mãe, Eudócia Caldas, que à época estava em vias de assumir a cadeira de Rodrigo Cunha no Senado Federal.

Quanto a Artur Lira, a oferta compensatória se resume à influência que ainda teria sobre deputados que ele beneficiou com recursos de emendas parlamentares, distribuídas ao tempo em que presidia a Câmara com autoridade imperial. Lira poderia garrotear esse pessoal para apoiar projetos do Planalto na Câmara.

Claro, faz parte do jogo político ‘correr atrás’, tentar fórmulas heterogêneas em busca de ‘desacordos políticos’ como a exclusão de um adversário de certa disputa eleitoral, mas esse tipo de expediente só funciona quando é possível, o que não é o caso.

Primeiro, porque, a exemplo do próprio JHC ‘de ontem’, Artur Lira ‘de hoje’ parece esquecer que, em Alagoas, o grande aliado do presidente Lula chama-se Renan Calheiros. Afinal, se dependesse do apoio e colaboração de Lira – assim como do prefeito maceioense – o presidente da República hoje atenderia pelo nome de Jair Messias Bolsonaro.

Segundo, porque inexiste argumento, vindo da oposição, claro, capaz de convencer Lula de que o certo a fazer é torpedear e impedir uma provável candidatura legítima, justa e oportuna de um correligionário e amigo para tentar remediar a situação vexatória de um ‘aliado não mais que ocasional’.

Demais, a situação de Lira não periclita devido ao projeto político de Renan pai e de Renan Filho, mas pelo natural definhamento político do próprio deputado progressista. Pois, enquanto Renan Filho ostenta a condição de ministro de estado (um dos mais bem avaliados do governo Lula) e um mandato de senador que vai até 2030, Lira hoje não é mais do que um simples deputado caminhando para o desenlace do mandato.

Por fim, vale anotar, diante de tantas obviedades, Lula sabe que Artur Lira sabe o que estria tentando conseguir: uma descabida intervenção para desmontar a estratégia eleitoral do MDB de Alagoas para o ano vindouro, cada dia mais fortalecida, e agora com sinais de composição envolvendo o engajamento da família Caldas no processo.

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Sobre o blog

Iniciou-se no Jornalismo como redator do Diário de Pernambuco. Foi editor do Diário da Borborema (PB) e do Jornal de Alagoas. Exerceu os cargos de secretário de Comunicação da Prefeitura de Maceió e do Estado de Alagoas.

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