O crime que virou negócio: Braskem, BRK e o saque à cidade de Maceió

A Braskem, empresa responsável pelo maior crime socioambiental em área urbana do planeta, segue transformando tragédia em lucro. Não satisfeita em devastar cinco bairros de Maceió, provocar o deslocamento forçado de mais de 60 mil vítimas e tomar a posse de imóveis e espaços públicos, agora a Braskem avança sobre um bem ainda mais essencial: a nossa água.
O mais recente escândalo envolve um acordo entre a Braskem e a BRK Ambiental, empresa que opera o sistema de abastecimento de água e esgoto em Maceió. Segundo reportagem do Jornal Extra, a Braskem passou a controlar o Sistema Catolé-Cardoso, que abastece cerca de 70% da cidade. O argumento seria o cumprimento de uma decisão judicial que obriga a mineradora a indenizar a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) pelos prejuízos causados à estrutura do sistema após o afundamento do solo.
Mas o que se apresenta como indenização pode, na verdade, ser mais uma manobra lucrativa da Braskem. O advogado Geraldo Carvalho, em entrevista ao portal AL1, denunciou a possível relação entre a Braskem e a BRK Ambiental, apontando que a Braskem teria sido uma das controladoras da BRK por meio da Odebrecht Ambiental, antes da venda da sua participação. Mesmo após a venda, os vínculos e interesses entre as empresas continuam confusos.
Estamos, mais uma vez, diante de um movimento que o geógrafo David Harvey define como ACUMULAÇÃO POR DESPOSSESSÃO: um processo pelo qual o capital se desenvolve não pela produção, mas pela remoção forçada de populações e territórios, por meio de transformação de bens comuns em mercadoria e comercialização da vida. É um modelo que transforma a crise em oportunidade de lucro, aumenta a desigualdade e concentra ainda mais poder nas mãos de grandes empresas como a Braskem.
A atuação da Braskem em Maceió mostra bem esse tipo de expropriação: ela toma territórios, se apropria de imóveis públicos e privados, controla serviços essenciais como o abastecimento de água e tudo isso com o discurso de que está fazendo reparação. É a tragédia virando negócio.
O acordo com a BRK não é um caso isolado. Faz parte de uma sequência de operações estratégicas: Primeiro, a empresa comprou os imóveis nos bairros destruídos por sua própria mineração e por valores irrisórios. Depois, firmou acordo com a Prefeitura de Maceió, garantindo o controle de espaços públicos, como ruas e praças, ampliando seu domínio e agora se apropria de parte do abastecimento de água de Maceió. A Braskem cresce como superproprietária da cidade isso é inaceitável. A sociedade alagoana precisa reagir e denunciar que não há justiça enquanto a empresa responsável pelo maior crime socioambiental em área urbana no mundo continuar impune e sendo premiada com mais poder e mais lucro.