Ciência, tecnologia e inovação
Autoteste em domicílio é alternativa para o diagnóstico sigiloso de ISTs
Abordagem, já praticada no exterior, pretende aumentar o rastreamento e dar mais autonomia ao paciente
A preocupação com Infecções Sexualmente Transmissíveis, as ISTs, costuma aumentar passados os dias de folia do carnaval – e não é à toa. Dados do Ministério da Saúde indicam que, apesar de o país registrar queda nos casos de HIV/aids, o índice da doença entre homens de 15 a 29 anos continua aumentando, chegando, em 2021, a 53,3% dos infectados com essa faixa de idade. A pasta também divulgou que, de 2021 para 2022, a taxa de detecção de casos de sífilis adquirida por 100 mil habitantes cresceu 23%. Não coincidentemente, cerca de 60% dos brasileiros acima de 18 anos afirmam não usar preservativo nenhuma vez em relações sexuais, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).
Como um agravante a esse contexto, é comum as pessoas sentirem constrangimento ao procurar ajuda profissional para receber um diagnóstico de IST, o que pode ser um grande problema, já que muitas dessas infecções não apresentam sintomas. Dessa forma, os autoexames pretendem sanar esse desconforto e ainda proporcionar maior comodidade ao paciente que – seguindo uma tendência mundial pós-pandêmica – sai cada vez menos para cuidar da saúde.
Como fazer teste para IST em casa?
Nos “at-home medical/health tests”, como são conhecidos no exterior, o paciente entra em contato com o laboratório (via WhatsApp, e-mail, telefone) e recebe o kit do autoteste em casa. Realiza a coleta que, neste caso, consiste em um swab vaginal ou peniano. Devolve a amostra para o laboratório que, em alguns dias, faz o rastreio das diferentes ISTs e comunica o resultado. Em caso de positividade, ele é encaminhado a profissionais da saúde parceiros do laboratório.
“Quando o paciente pode realizar o exame no conforto de casa, em anonimato e em sigilo, ele tende a fazer o exame precocemente. Se é necessário agendar, esperar e se locomover até consultório médico, tende a demorar mais para procurar assistência, o que, eventualmente, implica o diagnóstico já numa fase tardia da doença”, afirma Rafael Malagoli, cientista biomédico e CEO da Bioma4Me, laboratório que fornece autoteste.
“A praticidade do autoexame é uma forma de disseminar o diagnóstico. Fora isso, também é uma maneira de tornar o paciente cúmplice do seu processo de diagnóstico”, defende Malagoli.
A empresa realiza o auto exame de ISTs desde novembro do ano passado e faz a detecção simultânea de 11 patógenos sexualmente transmissíveis. Segundo a Bioma4me, a procura por essa abordagem de exame tem aumentado, portanto, tudo indica que não será apenas uma tendência de carnaval.