Ciência, tecnologia e inovação
Cientistas estão usando IA para tentar salvar diabo-da-tasmânia da extinção
Espécie sofre com a disseminação de câncer transmissível que pode ser detectado de forma mais rápida com o uso de ferramentas de inteligência artificial
Diabos-da-tasmânia, simpáticos mamíferos que vivem na Oceania, podem sumir do mapa em até 25 anos devido a um problema raro: um tumor facial transmissível. Para combater a disseminação desse câncer letal, pesquisadores estão usando tecnologia de Inteligência Artificial (IA) para capturar e analisar milhares de imagens da espécie. O objetivo é identificar indivíduos doentes em tempo real.
O tal tumor facial possui duas variações distintas. Uma dessas versões, a DFT2, na sigla em inglês, tem se espalhado pelo sudeste da Tasmânia, na Austrália. Sua disseminação para fora da península foi detectada pela primeira vez em novembro de 2022.
É nesse contexto que o projeto com IA surge. O projeto da Universidade da Tasmânia funciona em três etapas: em primeiro lugar, a IA separa imagens em que animais aparecem. Então, determina quais espécies foram capturadas pela câmera. Por fim, ela diferencia diabos-da-tasmânia saudáveis e doentes.
"Usando técnicas computacionais avançadas, podemos monitorar a progressão da doença muito mais rapidamente do que um humano faria, sem comprometer a precisão", afirmou Rodrigo Hamede, da Escola de Ciências Naturais da Universidade da Tasmânia, em comunicado.
O projeto depende do envolvimento de membros da comunidade e proprietários de terras locais, onde as câmeras são instaladas, com o intuito de criar uma rede de monitoramento.
"Quanto mais pessoas se inscreverem em nosso projeto, melhor poderemos monitorar a propagação e os efeitos do DFT2. Essa participação fornece dados valiosos, aumenta a conscientização e promove um esforço coletivo para combater o DFT2", diz Hamede.
Os pesquisadores acreditam que o projeto pode mudar a forma como doenças na vida selvagem são gerenciadas em todo o mundo, especialmente devido à agilidade do processamento de imagens por IA em comparação ao trabalho manual.
A descoberta dos primeiros casos de tumores faciais em diabos-da-tasmânia data de 1996. A partir de 2009, a IUCN, organização de conservação que lista animais ameaçados de sumir do mapa, classificou a espécie de mamífero como "em perigo".