Ciência, tecnologia e inovação

Projeto pioneiro do INMA mapeia novas ocorrências de anfíbio na Mata Atlântica

Desenvolvido pelo Instituto Nacional da Mata Atlântica, o projeto “Cantoria de Quintal” é o primeiro no país a trabalhar com gravações enviadas pelo público; 42 registros do sapinho-de-chifre-paviotii foram feitos no celular

Por Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação 04/11/2024 11h11
Projeto pioneiro do INMA mapeia novas ocorrências de anfíbio na Mata Atlântica
sapinho-de-chifre-paviotii (Proceratophrys paviotii) - Foto: JVA Lacerda/INMA

Graças ao projeto “Cantoria de Quintal”, cientistas cidadãos puderam enviar gravações e fotografias que possibilitaram o mapeamento de novas ocorrências do sapinho-de-chifre-paviotii (Proceratophrys paviotii), um anfíbio exclusivo da Mata Atlântica e considerado Quase Ameaçado (NT) de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A ação é desenvolvida por pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) desde 2020, em Santa Teresa, município do Espírito Santo, onde está localizada a unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Por meio do WhatsApp, pessoas de diferentes idades, realidades e localidades interagem com especialistas, enviando gravações de som e imagens desses animais, contribuindo com material genético inédito e registros do repertório vocal dessa espécie ainda pouco conhecida. Até agora, 42 registros foram realizados por dez cientistas cidadãos.

De forma inovadora, o estudo confirma a identidade genética e as relações evolutivas do sapinho-de-chifre, documenta seu repertório vocal e apresenta novas informações sobre seu estado de conservação. “Cada espécie de anfíbio possui canto e DNA com características únicas, que permitem sua distinção em relação a todas as demais espécies do planeta. Conhecer o canto e o DNA de uma espécie pode facilitar seu reconhecimento por outros pesquisadores em diferentes regiões e projetos voltados ao monitoramento acústico dessa espécie”, explicou João Victor A. Lacerda, pesquisador do INMA e coordenador do projeto Cantoria de Quintal.

Apesar de classificado como Quase Ameaçado (NT) de extinção, o levantamento apontou que, ao contrário do que se pensava, ele não é tão raro assim, tendo sido reportado por cidadãos cientistas até mesmo em quintais. “Tudo isso leva a crer que, muito provavelmente, essa espécie passará a ser avaliada como uma espécie de estado de conservação Pouco Preocupante e não mais Quase Ameaçada e muito menos Ameaçada. Mas isso é importante dizer que, por enquanto, o estudo não teve como objetivo atribuir um novo status de conservação para espécie”, enfatizou o pesquisador.

Cantoria de Quintal


No Brasil, o “Cantoria de Quintal” é pioneiro ao lidar com gravações enviadas pelo público. Em menos de quatro anos, o projeto recebeu mais de 900 contribuições enviadas por 160 cientistas cidadãos, abrangendo cerca de 40 espécies, incluindo algumas ameaçadas de extinção, raras ou pouco conhecidas pela ciência. A iniciativa visa incentivar o público a participar de outras fases da pesquisa, como a criação de guias fotográficos e textos científicos. Para isso, os pesquisadores têm colaborado com estudantes, professores e outros setores da comunidade local.

Publicação internacional


Os resultados do estudo foram divulgados em um artigo publicado na revista internacional PeerJ, em outubro, com a colaboração de investigadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Federal do ABC (UFABC).

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