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Sonda espacial europeia Hera faz aproximação a Marte antes de chegar a asteroide

A sonda espacial europeia Hera vai hoje fazer uma aproximação a Marte para ganhar balanço para chegar em 2026 ao seu destino final, o asteroide Dimorphos, manobra que permitirá à empresa GMV testar o equipamento que desenvolveu

Por Jornal de Notícias 12/03/2025 09h09
Sonda espacial europeia Hera faz aproximação a Marte antes de chegar a asteroide
Durante a "fase interessante" da aproximação a Marte, que durará entre "minutos e poucas horas", a sonda irá captar imagens do planeta e ativar o sistema desenvolvido pela GMV, que permite identificar - Foto: ESA

Durante o sobrevoo de Marte, a sonda da Agência Espacial Europeia (ESA) ficará a cerca de cinco mil quilómetros da superfície do planeta.

Uma oportunidade para a GMV Portugal "validar o software" desenvolvido para o sistema de seguimento e navegação autónoma da sonda, disse à Lusa o engenheiro aeroespacial Francisco Cabral, chefe de projeto da empresa na missão Hera.

Durante a "fase interessante" da aproximação a Marte, que durará entre "minutos e poucas horas", a sonda irá captar imagens do planeta e ativar o sistema desenvolvido pela GMV, que permite identificar marcos, como brilhos e contrastes, e fazer o seu seguimento, permitindo "calcular a posição da sonda de forma autónoma".

Será um teste para as "fases mais arriscadas" da missão, quando forem necessárias manobras de aproximação ao asteroide "em poucas horas".

A sonda irá hoje captar também imagens de Deimos, a mais pequena das duas luas de Marte, mas também de Phobos, a lua maior, à medida que começar a afastar-se do planeta.

Lançada em 7 de outubro, a missão Hera, a primeira da ESA de defesa planetária, vai estudar em detalhe o asteroide Dimorphos, cuja órbita foi alterada em 2022 pelo impacto de uma sonda lançada pela agência espacial norte-americana (NASA), no âmbito da missão DART.

Dimorphos, satélite natural do asteroide Didymos, foi o primeiro corpo do Sistema Solar cuja órbita foi alterada pela atividade humana.

A sonda Hera pretende com os seus instrumentos, 12 ao todo, reunir dados sobre Dimorphos que comprovem que a mudança de direção da trajetória de um corpo como um asteroide é uma técnica de defesa planetária fiável.

O engenho vai igualmente estudar as propriedades dos dois asteroides e colocar na órbita de Dimorphos dois pequenos satélites, que farão observações da sua superfície e pesquisas por radar, as primeiras a um asteroide.

O asteroide que a missão Hera se propõe estudar é considerado um "protótipo" dos milhares de asteroides que poderão representar um risco de colisão para a Terra.

Nesta missão, as empresas portuguesas Tekever, GMV, FHP e Efacec estiveram envolvidas no desenvolvimento de vários componentes tecnológicos e operacionais, como um instrumento com tecnologia 'laser' capaz de medir distâncias até 20 quilómetros, o isolamento térmico e o sistema de orientação, navegação e controlo da sonda e um sistema inovador de comunicação entre satélites, segundo informação da Agência Espacial Portuguesa.

Espera-se que a sonda Hera chegue ao seu destino final, a mais de 177 milhões de quilómetros da Terra, em dezembro de 2026.

Dimorphos, que tem 160 metros de diâmetro, orbita Didymos, corpo rochoso maior, com 780 metros de diâmetro.

Portugal, enquanto Estado-membro da ESA, decidiu em 2019 contribuir com 2,8 milhões de euros para o financiamento da missão, que custou 363 milhões de euros.