Ciência, tecnologia e inovação
"IA do job": brasileiros lucram criando mulheres virtuais para conteúdo adulto usando inteligência artificial
Plataformas como OnlyFans, Privacy e Fanvue são usadas por criadores para publicar imagens e vídeos gerados por IA

A nova tendência de ganhar dinheiro na internet envolve a criação de "garotas do job" ou "IAs do job", mulheres virtuais geradas por inteligência artificial (IA) para produzir conteúdo adulto. Usando ferramentas de edição específicas, criadores constroem modelos femininos nuas, simulam cenas de sexo e comercializam esse material em plataformas 18+, como OnlyFans, Privacy, Fanvue, LinkPriv e Uncove.
Uma das criadoras dessa tendência é Elaine Pasdiora, de 35 anos, residente em Porto Velho (RO). Ela compartilhou que faturou mais de R$ 20 mil entre janeiro e março de 2025 com as "garotas do job". Grande parte do lucro veio da venda de cursos que ensinam como criar e operar as mulheres virtuais para esse tipo de conteúdo.
"A IA para criação de imagens e vídeos tem evoluído rapidamente. O que era rudimentar há um ano já não é mais", afirma Diogo Cortiz, professor da PUC-SP e especialista em inteligência artificial.
Em novembro de 2024, a revista americana Wired revelou um caso grave: centenas de influenciadores gerados por IA foram criados a partir de vídeos reais de criadores de conteúdo 18+ e vendidos no Patreon, concorrente do OnlyFans.
Nos seus termos de uso, plataformas como OnlyFans, Privacy e Fanvue permitem conteúdos gerados por inteligência artificial, mas exigem que os usuários informem que o material foi produzido com o auxílio dessa tecnologia.
Assunto começou a ganhar destaque no fim de 2024
No Brasil, o tema começou a ganhar destaque nas redes sociais em dezembro de 2024. Um exemplo foi um vídeo da influenciadora Yara Santos, publicado no TikTok, no qual ela relata que uma amiga comprou um curso sobre IA e criou uma "garota do job".
Em outro vídeo, Yara explicou que criou uma "garota do job" semelhante a si mesma, pois o site 18+, cujo nome não foi revelado, não aceita perfis falsos. Segundo ela, a plataforma exige uma foto do documento para concluir o cadastro, e se o perfil não for parecido com o da pessoa, não é aprovado. "Se não for parecido, não aprova, mas aprovou mesmo assim", contou a influenciadora.
A viralização desses vídeos levou ao surgimento de vários cursos que prometem ensinar como ganhar dinheiro com a "garota do job". Elaine Pasdiora e Yara Santos afirmam que esses cursos surgiram após seus conteúdos se tornarem populares no TikTok.
Possíveis golpes
Os cursos pagos voltados para essa finalidade, conhecidos como aulas do "nicho hot" variam de R$ 30 a R$ 50 e prometem faturamento alto e rápido.
No entanto, mesmo quem já fatura nesse ramo alerta que as promessas podem levar à frustração. Segundo esses criadores, muitas pessoas estão investindo e pesquisando sobre as "IAs do job", mas o retorno financeiro não é imediato.
