Cooperativismo

Diretoria da OCB/AL é acusada de excluir cooperativas da eleição da entidade

Por Blog do Edivaldo Júnior 30/03/2022 16h04 - Atualizado em 30/03/2022 17h05
Diretoria da OCB/AL é acusada de excluir cooperativas da eleição da entidade
Sede da OCB Alagoas, em Maceió - Foto: Google Maps

A atual diretoria do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Alagoas (OCB/AL) é acusada de dificultar o registro e participação de várias cooperativas no processo de gestão da entidade.

A eleição para renovação da diretoria estava marcada para o início de março, mas foi adiada para 20 de abril, em função de decisão judicial. Atendendo pedido do Sicredi, a Justiça determinou a abertura de prazo de 30 dias para que as cooperativas pudessem se regularizar afim de participar do processo eleitoral.

Com a abertura do prazo, o número de cooperativas aptas a votar na eleição, agora remarcada para 20 de abril, aumentou significativamente. Antes da decisão judicial, apenas 32 cooperativas estavam aptas para participar da votação. Após 30 dias, esse número aumentou para 54 cooperativas, segundo lista divulgada essa semana pela diretoria da OCB/AL.

Apesar disso, algumas cooperativas continuam impedidas de participar da votação, a exemplo da Coopaíba e Capial.

Segundo relatos, mesmo tendo apresentado toda a documentação, essas e outras cooperativas tiveram o processo de regularização dificultado porque apresentam discordâncias em relação a atual gestão. Outros dirigentes de cooperativas que tem posicionamento crítico à gestão, mesmo tendo conseguido se regularizar, relatam dificuldades e exigências atípicas para se tornarem aptas a participar da eleição.

Existe uma dificuldade muito grande das cooperativas para poder participar, isso é muito ruim e o cooperativismo de Alagoas é muito grande, muito abrangente e é importante que todas as cooperativas participem desse projeto que a OCB pode oferecer para todos os cooperados e para todas as cooperativas” disse Aldemar Monteiro, presidente da CPLA.

Antonino Cardozo, presidente da Cooperativa dos Agricultores e Empreendimentos Solidários (Coopaíba) também reclamou da dificuldade para ter o poder de voto. “As cooperativas que tem construído o movimento cooperativista em Alagoas tem sido reiteradamente proibidas de participar das assembleias, da própria organização, porque nos temos aqui em Alagoas um sentimento muito claro que é alguém que se sente dono da OCB”.

Rômulo Dantas, presidente da Copaq também faz parte do movimento para mudar a OCB e relata que conseguiu se tornar apto após exigências atípicas. “Irei participar, apoio esse movimento Muda OCB Alagoas, por uma OCB mais participativa, inclusiva, com a cara das cooperativas da agricultura familiar, do ramo do trabalho, de todos os segmentos, para pensar o cooperativismo”.

Francisco de Souza Irmão, mais conhecido como Chico da Capial, presidente da Cooperativa Capial, também reclamou do tratamento da OCB com os cooperados e com os desmandos da atual administração. “Estamos em dias, mesmo assim a gente não pode a gente não pode votar. Eu acho que Alagoas e a OCB é para todas as cooperativas. A OCB não pode ser uma casa particular do seu presidente. A OCB tem que atender a todas as cooperativas do estado”.

“Por isso que eu convoco a todos os amigos cooperativistas: vamos nos unir, pra que a gente possa trazer uma nova diretoria pra cooperativa, com outros pensamentos de desenvolvimento sustentável do cooperativismo alagoano porquê é o cooperativismo que vai trazer o desenvolvimento com sustentabilidade do estado de Alagoas e principalmente dos nossos agricultores que precisam de muito apoio nesse momento” pediu.

Entenda


Após uma decisão da Justiça, tomada no dia 10 de fevereiro, a OCB foi obrigada a cancelar a sua Assembleia. Segundo o processo, das 74 cooperativas que fazem parte da OCB/AL, somente 39 estariam regulares de forma financeira e documental, pelos critérios da organização.

No entanto, no site aparecem apenas 60 cooperativas. E em documento oficial no dia 18 de fevereiro, a OCB disse que apenas 32 estariam regularizadas. Uma preocupação a mais para as cooperativas que buscam mais transparência no processo.

Foi determinado, à época, que a OCB/AL notificasse as cooperativas consideradas irregulares, concedendo a todas um prazo de 30 dias para regularizarem suas dívidas e documentação e somente após isso, realizar uma nova convocação.

Na decisão da Justiça, a OCB/AL é questionada por não informar no edital de convocação para a Assembleia, quais cooperativas estão regulares, não havendo assim tempo hábil para que elas se regularizem ou levantem a documentação comprovando a não existência de dívidas ou a falta de documentação.

Tentamos contato com a assessoria da OCB/AL e não conseguimos resposta. O espaço está aberto e o texto será atualizado quando for enviada uma posição da organização.