Cooperativismo

Cooperativismo é solução social, diz membro de associação da ONU durante Encoopal

Professor Leandro Borges revelou que economia solidária e agricultura familiar também são temas de interesse da entidade internacional

Por Shelton Melo* 08/08/2023 09h09 - Atualizado em 08/08/2023 10h10
Cooperativismo é solução social, diz membro de associação da ONU durante Encoopal
Professor de economia, Leandro Borges, palestrou sobre os avanços da tecnologia na ótica do cooperativismo, durante Encoopal - Foto: BCCOM Comunicação

Em entrevista ao programa Alagoas Rural durante o Encontro do Cooperativismo Alagoano (ENCOOPAL), promovido pela União das Cooperativas da Agricultura Familiar e da Economia Solidária de Alagoas (UNICAFES-AL), no bairro do Jaraguá, em Maceió, o professor universitário de economia, Leandro Borges, revelou que economia solidária e agricultura familiar também são temas de interesse da Organização das Nações Unidas (ONU).

“O cooperativismo é reconhecido pela ONU como instrumento de desenvolvimento sustentável por que trabalha com empreendimentos reais, com as pessoas que sabem quais são as verdadeiras demandas de seus territórios”, disse.

Leandro é membro da Força Tarefa Inter-Agências da ONU sobre Economia Social e Solidária (UNTFSSE), associação, que discute, planeja e realiza atividades com o objetivo de aumentar a visibilidade da Economia Social e Solidária (ESS) dentro e fora do sistema da entidade à nível internacional.

Uma das formas de atingir esse objetivo, de acordo com o educador, é saber usar os avanços da tecnologia “para melhorar as condições dos empreendimentos econômicos solidários” e não somente “como mais um instrumento de concentração de renda”, afirmou.

A discussão sobre da tecnologia na ótica do cooperativismo foi o tema de sua palestra durante o evento na capital alagoana. Em sua explanação, Leandro reiterou como “a tecnologia é um elemento de exclusão”, na medida em que a “forma de apropriação e distribuição dos frutos dessa tecnologia” é desigual.

Uma solução criada para ajudar a amenizar essa desigualdade, conta Leandro, foi a criação de bancos comunitários digitais. Esses bancos prestam serviços financeiros solidários, e assim, ajudam a promover o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade da agricultura familiar, unindo produtor e consumidor.

Ainda de acordo com Borges, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), considerando fatores de produção (terra, capital, tecnologia, mão de obra, etc.), o sistema econômico mundial tem capacidade para produzir hoje alimentos, em média, para 10 bilhões de pessoas.

Em novembro de 2022, a população mundial atingiu a casa dos oito bilhões de pessoas, de acordo com as Nações Unidas. “Não obstante, hoje em dia, cerca de bilhão e meio de pessoas passam fome diariamente. Então, esse é um modelo excludente, concentrador. Daí entra toda a discussão da economia social solidária, onde o cooperativismo é uma forma importante, de que as coisas podem acontecer de forma diferente”, concluiu.