Cooperativismo
Tecnologia e cooperativismo impulsionam o mercado de grãos e sementes
O modelo de comercialização de grãos vem passando por profunda transformação com a digitalização dos fluxos comerciais e a intercooperação está exercendo papel fundamental para otimizar recursos e aproveitar oportunidades entre as participantes da plataforma, fortalecendo o movimento cooperativo. Para discutir o assunto e gerar oportunidades, foi realizado, no dia 23 de outubro, o 1° Workshop de Grãos & Sementes, no Grand Mercure Curitiba Rayon, na capital paranaense. A iniciativa, da Agtech Supercampo, reuniu líderes de diversas cooperativas.
A Supercampo é um hub de digitalização, sendo a maior iniciativa intercooperativista do agro brasileiro e tem como uma das áreas de atuação uma central de compra e venda de commodities, a Supercampo Sementes. Vale ressaltar que a semente é o principal ativo comprado pelo agricultor. “Sabemos que o mercado de sementes tem grandes players no Brasil e a Supercampo foi pensada para otimizar a malha logística, frete e ocupação, facilitando a compra, venda e troca de grãos, sementes, defensivos e fertilizantes, tudo isso com a taxa de corretagem mais baixa do mercado”, afirma Diego Zardo, Head Comercial & Operações da Supercampo.
Um dos palestrantes convidados, Lars Schobinger, Fundador e CEO na Blink, abordou o mercado de sementes e reforçou o fato do produtor estar ávido para adotar tecnologia. “A nova geração de produtores é muito pragmática. Quer otimizar o digital, com foco em planejamento e soluções orientadas ao rendimento”, afirma.
Ronald Koch, Gerente de Plataforma e Produto da Supercampo, palestrou sobre “O Futuro é tech: I.A. no agro”. “A Supercampo não pode ser simplesmente uma empresa de tecnologia, temos que ter diferenciais e, entre eles, estão o C2F, IA, API e App offline. O conceito C2F (“Cooperative to Farmer” – cooperativa para o agricultor), por exemplo, é um modelo de negócios nem totalmente B2C, nem totalmente B2B que foi aplicado nas nossas plataformas”, conta. Além disso, está em fase de testes um App offline da Supercampo. “O normal é ter um aplicativo conectado à internet. O nosso não vai precisar estar para ser operado. Basta que antes que o vendedor saia para atender o cliente, faça a sincronização. O APP busca todo o estoque e a cartela de clientes e a plataforma vai operar 100% offiline”, complementou. “Estamos prontos para desenvolver qualquer tipo de negócio. Vale ressaltar que também usamos a inteligência artificial para analisar dados, confrontar informações, saindo um pouco da planilha de Excel”, diz Koch.
Já Sarah Dare, Head da área de pesquisa e inteligência de mercado da CERES Agroconsulting, abordou as “Perspectivas para os Grãos em 2024”. Segundo ela, o grande desafio do mundo pós-pandemia é a inflação. Atrelado a isso, a oferta ainda é limitada por questões de guerra, gargalos logísticos e problemas climáticos. “Por outro lado, o Brasil tem um papel importante e está surpreendendo este ano. Há superávit na balança comercial, puxado pelo setor agropecuário. Mas, quanto ao padrão climático, as previsões são de 60% de probabilidade de acontecimento do El Nino até maio de 2024 e, além disso, as chuvas excessivas em grande parte da região do Sul podem influenciar os preços”.
Sibelle de Andrade Silva, Assessora da Presidência da Embrapa, foi convidada a falar da “Transformação sustentável potencializada pelo digital”. Ela apresentou as megatendências para a agricultura, entre elas, sustentabilidade, adaptação à mudança do clima, agrodigital, intensificação tecnológica e concentração da produção, biorrevolução, transformações rápidas no consumo e na agregação de valor, integração de conhecimento e de tecnologias e incremento da governança de riscos. “Dados da McKinsey de 2022 apresentados à Embrapa mostram que 71% dos agricultores usam o digital em sua jornada de compras. Há preferência por interações digitais; a maioria usa mix presencial e digital e tem crescido o uso de marketplaces para compras”, apresentou.
Leandro Carvalho, CEO da Supercampo, reforçou como a Agtech tem se tornado um braço das cooperativas, não apenas das 12 sócias, mas também de outras que precisam ser digitalizadas. “Somos uma central de desenvolvimento tecnológico e criamos plataformas flexíveis às diversas necessidades, automatizando processos, e, como um hub, espelhando produtos das cooperativas em multicanais, gerando dados e ampliando as vendas”, reforçou.
A Supercampo é formada por 12 das 20 maiores cooperativas agro brasileiras, sendo elas: Agrária, Alfa, Capal, Castrolanda, Coopertradição, Copacol, Copercampos, Coplacana, Cotrijal, Frísia, Integrada e Lar, com o intuito de conectar o produtor rural com as melhores oportunidades de negócios em ambientes digitais.