Cooperativismo
Cooperativa se torna referência mundial na produção sustentável de castanhas
Nas fábricas da Cooperacre, as castanhas são armazenadas, limpas, quebradas, secas e empacotadas; as cascas também são usadas para produzir o biocombustível empregado na própria atividade industrial
A Amazônia brasileira conta com uma riqueza produtiva única no mundo. O grande desafio é transformar essa riqueza em um setor produtivo capaz de gerar renda e crescimento econômico para a região de maneira sustentável e ambientalmente responsável. E é isso que faz a Cooperacre (Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre).
Nesse cenário, a castanha-do-Brasil é uma das maiores identidades da Amazônia. Sediada em Rio Branco, a capital acriana, a Cooperacre é, atualmente, responsável pela maior produção de castanha beneficiada do país – e o objetivo da cooperativa é se tornar a maior do mundo.
“A cooperativa surgiu com o intuito de desvencilhar o produtor extrativista do intermediário da produção e buscar melhores mercados que valorizassem os produtos da floresta em pé. Desde de sua fundação, a Cooperacre trabalha para que seus cooperados tenham a garantia de comercialização de seus produtos”, explica Francisco Weverton, coordenador do setor de projetos da cooperativa.
A Cooperacre marca presença em 18 municípios do estado do Acre, conta com mais de 2.500 famílias cooperadas e reúne 12 cooperativas singulares e 25 associações. Sua fundação, em 2001, se deu ante a necessidade de uma cooperativa central para reunir as cooperativas de extrativistas do estado a fim de garantir melhores oportunidades de negociação de seus produtos.
Em 2003, a Cooperacre, que até então operava seu galpão em Rio Branco, abriu sua primeira indústria de beneficiamento de castanha-do-Brasil. Com o sucesso, uma nova planta foi concedida e entrou em operação. Já em 2016, a Cooperacre inaugurou sua terceira fábrica, ainda mais moderna. A produção de castanha é de 5 mil toneladas por ano.
Nessas fábricas, as castanhas são armazenadas, limpas, quebradas, secas e empacotadas. As cascas também são usadas para produzir o biocombustível empregado na própria atividade industrial. Com isso, a Cooperacre torna todo o seu processo industrial ainda mais limpo.
Produção florestal sustentável
A Cooperacre trabalha com uma tradição de produção florestal sustentável e modernização da cadeia produtiva da castanha e também de seus outros produtos, como a borracha, o palmito e uma variedade de frutas.
A castanha é responsável pela maior parte da produção da Cooperacre, assim como da renda dos cooperados. Além disso, a castanha-do-Brasil cumpre um papel importante para a economia do estado, já que é o produto mais exportado do Acre.
Dentro desse contexto, a produção sustentável é essencial para a atividade da Cooperacre, uma vez que 87% das florestas no estado são preservadas. Proteger o meio ambiente significa, portanto, assegurar a continuidade da produção local e o progresso econômico sustentável que melhora a vida das comunidades amazônicas acrianas.
A Cooperacre é parceira do Fundo da Amazônia, que apoia projetos nas áreas de gestão de florestas públicas e áreas protegidas, manejo florestal sustentável, atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da floresta, ordenamento territorial e regularização fundiária, monitoramento e controle ambiental, recuperação de áreas desmatadas e desenvolvimento científico e tecnológico.
Dessa parceria ganhou corpo o projeto “Fortalecendo a Economia de Base Florestal Sustentável”, que recebeu pouco menos de R$ 5 milhões do Fundo Amazônia para beneficiar pequenos proprietários rurais familiares e extrativistas da região.
A iniciativa proporcionou ótimos resultados em relação à produção de castanha, tais como:
- A otimização da logística de armazenamento de castanha-do-Brasil e do transporte de frutas, por meio da construção ou reforma de 30 galpões comunitários;
- A melhoria do processo de beneficiamento da castanha-do-Brasil por meio da ampliação industrial;
- A agregação de valor e diversificação dos produtos da castanha-do-Brasil, por meio da produção de farinha, óleo e sabonete;
- A melhoria da estratégia de comercialização dos produtos da castanha-do-Brasil por meio da participação em feiras e eventos nacionais e internacionais;
- A capacitação da rede de filiados da Cooperacre em temas como gestão cooperativa, boas práticas de manejo florestal e beneficiamento da castanha-do-Brasil, certificação orgânica, educação ambiental e de gênero.
Tecnologia verde
A fim de potencializar ainda mais sua atividade econômica sustentável, a Cooperacre emprega tecnologia e inovação no processo de beneficiamento das castanhas. Com isso, a cooperativa garante a qualidade e segurança do produto final, o que tem ajudado a expandir os mercados nacionais e internacionais.
Ademais, a castanha-do-Brasil tem várias propriedades importantes, como ser rica em proteínas e selênio. Isso a tornam um produto de grande potencial para investimentos. Dessa forma, a Cooperacre, que está à frente da cadeia produtiva, se coloca como uma das principais responsáveis por garantir a organização e a rentabilidade da produção.
Hoje, a cooperativa conta com três armazéns e três indústrias de beneficiamento da castanha-do-Brasil. A infraestrutura da Cooperacre também tem diversos galpões comunitários, distribuídos estrategicamente em diferentes municípios. Essa infraestrutura facilita o acesso dos produtores e o transporte do produto.
“A inovação é um processo natural para se manter mercado e a Cooperacre está sempre buscando formas de aprimorar os procedimentos e processos produtivos, tanto nos territórios da produção familiar agroextrativista, assim como nas agendas contemporâneas de fortalecimento de uma economia de baixas emissões de carbono com inclusão social na Amazônia Brasileira”, conta Weverton.
Tudo isso proporcionando qualidade para o mercado. As castanhas são totalmente orgânicas e livres de qualquer tipo de toxina. Com isso, a Cooperacre atende à crescente demanda por produtos com essas características e garante a credibilidade e a procura das grandes indústrias alimentícias mundiais.