Cooperativismo

Cooperativas investem em marketing de influência para alcançar os jovens

A essência dessa forma de divulgação está em impactar positivamente a percepção do público em relação a uma marca por meio de personalidades

Por MundoCoop 11/04/2024 09h09 - Atualizado em 11/04/2024 13h01
Cooperativas investem em marketing de influência para alcançar os jovens
Cooperativas investem em marketing de influência para para alcançar os jovens - Foto: Reprodução

Com as mudanças da sociedade e a maneira com que o consumidor escolhe os seus produtos e marcas, as estratégias de marketing tem se ampliado cada vez mais. O marketing tradicional, que sempre teve espaço no mercado, não tem funcionado, forçando as cooperativas a buscarem novas maneiras de atrair e fidelizar o seu público.

Não é nenhuma novidade entender que as organizações de sucesso investem pesadamente nas suas construções de marcas e divulgações. Com a expansão das redes sociais, em especial usadas pelas novas gerações, as cooperativas têm descoberto no marketing de influência e nos influenciadores uma poderosa ferramenta de atração. Ele surgiu no século XIX, com as grandes marcas americanas contratando celebridades para promoverem os seus produtos. Naquela época, as empresas já perceberam que os clientes costumam seguir seus atores, atrizes em suas opções de compras.

Em 1940, o sociólogo Paul Felix Lazarsfeld constatou que as pessoas têm uma necessidade natural de copiarem os seus líderes de opinião. Por isso, ao longo do século XX foram realizados vários estudos para descobrir o processo de influência, um deles foi o Personal Influence de Lazarsfeld e Katz.

Atualmente não existem dúvidas da força que um influenciador exerce sobre o consumidor. Isso ocorre porque acontece uma sensação de proximidade e identificação entre os seguidores e os seus líderes de opiniões.

A aplicação do marketing de influência melhora as suas buscas nas redes sociais

O marketing de influência não tem apenas impacto na venda de seus produtos, mas na divulgação e aceitação de uma marca. Fora esses dois fatores, quando uma cooperativa é associada a um influenciador, as suas buscas de SEO ganham um posicionamento melhor nas redes sociais.

Calebe Bezerra, especialista em criatividade pela University of Texas at Austin, explica que embora hoje esteja muito associado com os influenciadores digitais e redes sociais, o marketing de influência é uma estratégia bem mais antiga. Ela consiste em obter o endosso de pessoas consideradas formadoras de opinião, para um produto, serviço ou organização. “Ao se posicionar publicamente, essa pessoa influencia a opinião daqueles que a acompanham, a fim de gerar valor para o negócio que está executando a ação”, exemplifica o especialista.

Para se ter uma ideia desse alcance, uma pesquisa realizada pela marketplace de influencers Tomoson, constatou que 51% dos profissionais de marketing já recorreram ao Marketing de Influência e afirmam que ele pode trazer consumidores mais qualificados para se tornarem clientes da sua marca.

Outra pesquisa indicou que 90% dos marketeiros consideram o marketing de influência eficaz. Já 67% das marcas recorrem ao Instagram para realizarem marketing de influência; 45% usam o TikTok; 43% o Facebook; 36% o YouTube; 16% o LinkedIn; e 15% o Twitter. Cerca de 91% dos millennials levam tão a sério as críticas online, quanto às opiniões de seus familiares e amigos.

Segundo uma estimativa, mais de 3,7 bilhões de pessoas usam as redes sociais e a tendência é a de que esse número aumente consideravelmente nos próximos anos. Essas são algumas das razões pelas quais os influenciadores digitais ganharam espaço no marketing das empresas e cooperativas e acabam dando mais credibilidade a venda de um produto ou marca.

Outra vantagem desse tipo de marketing é a sua subliminaridade, o cliente não percebe que está absorvendo o serviço, já que a sua divulgação vem diluída no conteúdo. No entanto, os especialistas esclarecem que alguns cuidados devem ser tomados na escolha do influenciador e na produção da mensagem. Quando a mensagem não é verdadeira, eventualmente o consumidor vai descobrir e a marca vai perder credibilidade. “Quem se lembra do caso do cantor Roberto Carlos, que promoveu uma marca de carnes bovinas? Quando descobriram que ele seguia sendo vegetariano, o plano foi por água abaixo”, lembra Calebe.

Nas cooperativas e negócios, o marketing de influência pode ser uma ferramenta valiosa para construir confiança com a comunidade. No entanto, é preciso tomar alguns cuidados na hora de aplicá-lo, conforme indica Gabriela Sterenberg, Founder e CEO da Artesania Marketing-CMO AS A Service. “Para conquistar mais clientes, por meio do marketing de influência, é fundamental selecionar influenciadores, que compartilhem de valores semelhantes aos da marca, criar campanhas, que destaquem os benefícios exclusivos oferecidos pela cooperativa. O engajamento genuíno é a chave para estabelecer relações duradouras e impactar positivamente a percepção do público”, lembra.

As cooperativas têm contratado influenciadores para as suas comunicações internas

Algumas cooperativas e sistemas de cooperativismo já perceberam o poder que o influenciador exerce sobre os públicos e por isso tem contratado ou feito parcerias com alguns deles. Um dos casos é o do Sistema Ocergs e o Projeto Geração Cooperação, que resolveu investir na blogueira e jornalista do cooperativismo Carolina Mussolini. Ela se tornou uma das principais lideranças femininas a falar do assunto em redes sociais para os jovens cooperados. Fora isso, a influenciadora participou da primeira turma do Programa Somos Líderes da OCB e foi uma das mulheres embaixadoras do 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo.

Outro caso foi o da Sicredi União RS/ES, que criou o programa Sicredi Influência para reunir mais de 100 influenciadores digitais da região Noroeste-Missões do Rio Grande Sul. O objetivo do evento foi levar o conhecimento sobre o cooperativismo, educação financeira, tendências nas redes sociais e atividades práticas de colaboração, contribuindo com a atuação dos profissionais no meio digital.

Alguns dos influenciadores da região foram Amanda Pastore, empresária, maquiadora e influenciadora desde 2015. Ela contou a sua história, jornada como influenciadora digital e da importância de colaborar com a comunidade. Além de Luciano Potter, um dos mais celebrados comunicadores do Sul do Brasil, do Programa Pretinho Básico.

A Coop criou a categoria Influenciadores Coop para reconhecer quem tem divulgado os seus propósitos no cooperativismo. O evento contou com 33 influenciadores e premiou os três melhores candidatos, entre eles Marco Aurélio Almada e Rita Mundim.

Para atrair mais jovens para a Cooperativa Frísia, a organização resolveu formar 40 colaboradores de diversas unidades com o objetivo de fortalecer a cultura da comunicação no cotidiano de trabalho e potencializar a comunicação interna.

Durante o Encontro Estadual dos Jovens Cooperativistas do Paraná, o Cooperlíder Jovem optou por trazer influenciadores para darem palestras sobre os diversos temas do cooperativismo, entre elas estavam a influenciadora Camilla Telles, que é relações públicas, produtora rural e defensora do agronegócio brasileiro e mundial.

Montar uma estratégia de marketing de influência exige o planejamento da cooperativa

Quando uma organização monta uma estratégia de marketing é necessário dar prioridade ao cliente, envolver toda a cooperativa no processo, investir em treinamentos, capacitações, entre outras ações. É preciso ter sempre em mente que o marketing será o canal entre as cooperativas, cooperados, consumidores, se esforçar para satisfazê-lo e gerenciar as análises de comportamentos do público-alvo. Algumas ações podem colaborar nesse processo, como premiar aqueles que tragam informações, elaborar pesquisas, aumentar a eficiência das vendas e diminuir os custos.

Para trabalhar o marketing de uma cooperativa é necessário montar um plano que envolva a definição dos objetivos pretendidos, identificação dos meios necessários, análise do produto, do mercado, estudar as tendências do mercado, adaptação ao cenário atual e avaliação dos aspectos financeiros e da competitividade. Por conta disso, várias empresas e cooperativas têm visto no marketing de influência uma boa ferramenta para atrair novos cooperados e consumidores. Existem várias razões para se usar o marketing de influência em uma cooperativa. Uma delas é a popularização da marca, a outra está ligada à performance.

Calebe Bezerra lembra que um influenciador bem escolhido pode gerar demandas de novos associados, clientes, ou até melhorar a percepção de qualidade dos produtos. “É preciso experiência para saber distribuir a verba da melhor forma, conhecer esse mercado e suas melhores práticas. Vejo muita gente mal-informada comprando gato por lebre. E como é um mercado com pouca regulação, a falta de experiência se torna um erro ainda mais grave. Por último, a clareza do objetivo final é determinante para uma ação de sucesso, com um bom retorno sobre o investimento”, aconselha Bezerra.

Outros cuidados essenciais são com a escolha do perfil do influenciador, que se vai associar à marca. Antes deve-se perguntar: Os valores pessoais estão alinhados aos da marca? O histórico é compatível? Eles têm a posição adequada para endossar a marca? E o mais importante, os números de audiência propostos por eles, são reais? Ao aplicar o marketing de influência nas cooperativas é necessário engajar a equipe, em especial as lideranças.

Gabriela Sterenberg explica que as lideranças devem estabelecer políticas claras sobre como identificar e abordar influenciadores, que conversem com os princípios fundamentais da marca. Importante explorar colaborações autênticas, alinhadas com os valores da organização”, finaliza.