Cooperativismo

Cooperativas reforçam demandas do setor com a liberação do Plano Safra 2024/25

Volume de recursos é maior que o do período anterior. Taxas de juros foram mantidas

Por Sistema OCB/Sicredi/Cresol 06/07/2024 15h03
Cooperativas reforçam demandas do setor com a liberação do Plano Safra 2024/25
Plano Safra 2024/25 - Foto: Reprodução

O Governo Federal anunciou recursos na ordem de R$ 400,59 bilhões para apoiar a produção agropecuária Nacional por meio do Plano Safra Agricultura e Pecuária 2024/2025, e outros R$ 76 bilhões para o Plano Safra da Agricultura Familiar.

Os valores cresceram 10% para a agricultura empresarial em relação ao período anterior, e 6,2% para a agricultura familiar. As cerimônias de lançamento foram realizadas no Palácio do Planalto e contaram com a participação de representantes do Sistema OCB.

“É importante reconhecer os esforços do governo federal para manutenção da estrutura atual de financiamento do crédito rural e elevação de recursos, porém frente as taxas de juros divulgadas é preciso reforçar os aspectos de gestão e governança para tomar a melhor decisão em relação à tomada de crédito rural”, afirmou o presidente da entidade, Márcio Lopes de Freitas.

Do total de recursos disponibilizados à agricultura empresarial, R$ 293,3 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização. Outros R$ 107,3 bilhões serão para investimentos. Também foram anunciados R$ 108 bilhões para serem aportados em Cédula de Produto Rural (CPR) por meio de recursos das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). As taxas de juros divulgadas até o momento ficaram entre 7% e 12% ao ano, praticamente estagnadas em relação à safra anterior. Para o cooperativismo, um destaque importante é a ampliação dos limites das cooperativas para R$ 200 milhões para acesso ao Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA).

Cooperativas se destacam

O Sicredi disponibilizará R$ 66,5 bilhões aos produtores rurais no Plano Safra 2024/2025. O valor representa um aumento de 17% em relação ao concedido no ano-safra anterior e a previsão é de liberação em mais de 353 mil operações atendendo, majoritariamente, pequenos e médios produtores. O Sicredi é, atualmente, a segunda maior instituição financeira do Brasil em carteira agro, totalizando R$ 87,4 bilhões em saldo.

Para a agricultura familiar o Sicredi vai oferecer R$ 13,6 bilhões e, para os produtores de médio porte, outros R$ 15,6 bilhões. Cerca de 90% do total de operações do Sicredi previsto para este ano-safra será destinado a pequenos e médios produtores. Para os demais produtores, o volume disponibilizado é de R$ 16,8 bilhões. Um dos grandes diferenciais do Sicredi é sua capacidade de atuar na ponta, numa relação próxima aos associados, resultado de sua grande capilaridade nacional.

“Estamos prontos para dar suporte ao agronegócio nacional em mais um ciclo de Plano Safra. Neste ano safra, reforçamos nossa atenção ao atendimento aos pequenos produtores, público que, além dos desafios habituais, foi bastante atingido pelas questões climáticas nos últimos ciclos. Por meio das nossas mais de 100 cooperativas, seguiremos atuando de forma muito próxima, participando ativamente em cada localidade em que estamos presentes a partir de um atendimento consultivo e especializado”, destaca Gustavo Freitas, diretor executivo de Negócio, Crédito e Produtos do Sicredi.

A Cresol Central Brasil promoveu uma live informativa sobre o Plano Safra 24/25, reunindo 560 colaboradores. Durante a transmissão, o presidente Braulio Zatti, abordou os principais pontos do Plano Safra, destacando as linhas de crédito disponíveis, taxas de juros e prazos de pagamentos. Além disso, foram discutidas estratégias para maximizar os benefícios do plano, contribuindo para o fortalecimento da agricultura familiar e empresarial. O Plano Safra 24/25 está com o Pronamp custeio: 8%, Pronaf custeio: 2% a 6% e Demais produtores custeio: 12%.

Antes mesmo do início oficial do Plano Safra 24/25, a Cresol Origens já demonstrou seu empenho em apoiar os produtores rurais ao liberar R$ 24,4 milhões em crédito rural de recurso oficial de forma antecipada. Foram 394 contratações de custeio agrícola e agropecuário, realizados no período de antecipação, entre os meses de maio e junho. No ciclo 23/24, a instituição financeira cooperativa repassou mais de R$ 11 bilhões. Na nova safra, a expectativa é chegar aos R$ 15 bilhões, projetando o maior Plano Safra da história.

O Sicoob, que possui hoje a maior rede física de agências, também disponibilizará uma vasta gama de recursos, apoiando o produtor em todas as fases da produção.

Demandas do coop

Para o coordenador nacional do ramo Agro do Sistema OCB, Luiz Roberto Baggio, houve alguns avanços, mas também pontos de atenção no novo Plano Safra. “O volume de recursos subiu em relação ao ano passado, mas os juros não caíram como esperado e também não acompanharam a queda da Selic, o que vai exigir um trabalho muito cuidadoso por parte das cooperativas na captação de recursos. Uma vantagem que consideramos importante foi a ampliação do limite para as cooperativas contratarem recursos para armazenagem. Isso é fundamental porque as cooperativas têm essa vanguarda na armazenagem e o aumento do limite individual ajuda muito”, afirmou

Durante o processo de construção da proposta, o Sistema OCB apresentou as principais demandas do cooperativismo em diversas reuniões com os ministérios da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e Fazenda, e também com o Banco Central.

Entre as principais demandas para o Plano Safra 2024/25 da Agropecuária, a entidade incluiu a elevação dos limites de contratação e a redução das taxas de juros para percentuais abaixo de dois dígitos para todas as linhas de planejamento agropecuário, com reduções de 2,5 pontos percentuais acompanhando o movimento da taxa básica de juros (Selic).

Quanto às exigibilidades, as sugestões solicitaram a alteração dos depósitos à vista de 30% para 34%, a manutenção da poupança rural em 65% e o aumento das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) de 50% para 60%, com isenção tributária. O fortalecimento das cooperativas de crédito e do BNDES, como meios de capilaridade, efetividade e instrumentalização para a política em nível nacional também foi proposto.

Já para o Plano Safra da Agricultura Familiar, a entidade apresentou como prioridade, o ajuste de acesso ao Pronaf, para que o percentual mínimo de DAP/CAF ficasse em 60%. Para isso, foi sugerida uma escala gradual de enquadramento, com referência em faixas de percentuais de agricultores familiares no quadro social para limites diferenciados de contratação.

Desafios para o novo Safra

Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, os recursos anunciados continuarão a possibilitar o crescimento e o fortalecimento agropecuário no país. “O setor cresceu 20% em 2023. Somos hoje o maior exportador de carnes do mundo e conseguimos a certificação de país livre da febre aftosa sem vacinação. Os recursos ofertados nesse plano são 32% superiores aos de dois anos atrás e temos certeza de que continuarão trazendo as oportunidades que os produtores precisam para continuar sua trajetória de crescimento”, declarou.

No caso da agricultura familiar, as taxas de juros foram reduzidas em um ponto percentual em média quando comparadas à safra 2023/24 e fixadas entre 0,5% e 6% ao ano. O plano também prevê a inclusão da agricultura familiar em três fundos garantidores da União.

Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, destacou que o Plano Safra da Agricultura Familiar conseguiu conciliar um dilema complexo. “Não sabíamos se dava para apresentar um plano ainda maior que no ano passado em termos de volume de recursos ou se deveríamos manter o volume de recursos e diminuir os juros. Conseguimos aumentar os recursos e diminuir os juros”. O presidente Lula, por sua vez, salientou que os planos “são exuberantes”. E acrescentou: “Pode não ser tudo o que a gente precisa, mas é o melhor que a gente pode fazer. Foi construído de forma interativa, coletiva, muita gente participou. Vamos continuar trabalhando para que seja cada vez melhor”.