Cooperativismo
Diversidade de público cresce como propulsor das cooperativas no mercado
Ao incorporar a diversidade e se comunicar com públicos variados, as cooperativas não apenas reforçam sua essência, mas também garantem relevância e competitividade no mercado
Com a economia em constante mudança, a diversidade se tornou um fator essencial não só para sua sobrevivência, mas também para um crescimento sustentável e inovador. No âmbito das cooperativas, essa questão se torna ainda mais crucial! Ao incorporar a diversidade e se comunicar com públicos variados, as cooperativas não apenas reforçam sua essência, mas também garantem relevância e competitividade no mercado.
Cerca de 8 milhões de jovens brasileiros, entre 18 e 24 anos, estão empreendendo em seus próprios negócios, segundo o levantamento do Monitor Global de Empreendedorismo – número impulsionado pelo crescimento de aquisição de franquias pela geração Z (nascidos entre 1995 e 2009). Além disso, um estudo do Sebrae com base em dados do IBGE, mostra que mais de 34% dos empreendedores do país são mulheres. Essas amostras comprovam que esses grupos estão em constante crescimento e apresentam imenso potencial de oportunidades para as cooperativas.
A CEO da Mubius WomenTech Ventures, Carolina Gilbert, destaca que instituições que concentram esforços na busca da diversificação do público estão um passo à frente: “Ao entender que há uma diversidade em seus consumidores e seus clientes, a organização consegue entender o que eles querem e, obviamente, ter uma vantagem de mercado para chegar antes dos seus concorrentes”.
Mudança na prática
Atentas a isso, muitas cooperativas já estão adotando práticas inovadoras para engajar novos cooperados de maneira eficaz. Um exemplo é o Sistema Ailos, que divulgou em dados recentes possuir mais de 50% de seus cooperados oriundos das gerações Y e Z. O sucesso do Sistema em atrair esses públicos pode ser atribuído as estratégias focadas em educação financeira, investimento em tecnologia e foco na comunicação efetiva, utilizando canais mais diretos, como as redes sociais, para informar jovens sobre os diferenciais do cooperativismo.
“Entre as inovações que nos ajudaram a impulsionar esse alcance podemos destacar 3: Desenvolvimento de aplicativos e plataformas digitais, oferta de serviços integrados – como automatizações e pagamentos instantâneos – e educação financeira”, exemplifica o superintendente de marketing da Central Ailos, Peterson Fernandes Colares.
A nova geração procura organizações que não só busquem lucro, mas que também promovam um impacto positivo na sociedade. Ao atrair a juventude, as cooperativas podem ampliar sua base de membros, melhorar sua competitividade e garantir sua sustentabilidade e longevidade. “Percebemos que essas gerações têm buscado, além da transparência e impacto social da instituição, também a facilidade e conveniência, preferindo processos digitais mais rápidos e intuitivos, como também a customização e flexibilidade, ou seja, produtos que possam ser adaptados às suas necessidades individuais” ressalta Peterson Colares da Ailos.
Relevância crescente
Além disso, cooperativas como a Sicredi têm investido em linhas de crédito específicas para mulheres, reconhecendo o potencial desse público na economia e promovendo a inclusão financeira. A cooperativa relata que mais de R$ 20 bilhões foram liberados até março desse ano em financiamentos para as mulheres.
“Apostamos no público agro feminino para alavancar a oferta de crédito para o setor e, hoje, dos cerca de 700 mil associados ligados à agricultura familiar, 176 mil são mulheres. Cerca de 23% dos financiamentos ligados ao agro consolidados no Sicredi são destinados para o público feminino atualmente”, pontua Carla Katsurayama, gerente de Cooperativismo, ID&E e Educação nas Escolas do Sicredi.
“Iniciamos uma fase de teste para um projeto de assistência técnica de práticas sustentáveis para pequenas produtoras, mostrando nosso comprometimento com a produção e com o crédito sustentável e que apoie o crescimento dessas mulheres no campo, sempre de forma equilibrada e analisando as necessidades específicas de cada uma”, informa Carla.
Esse público tem emergido como protagonistas econômicos, redefinindo as dinâmicas do mercado. Este acontecimento é impulsionado por avanços educacionais e maior conscientização sobre igualdade de gênero, conquistando mais espaço em posições de liderança e influenciando significativamente nas decisões de compra.
“A mulher sempre foi protagonista dentro de casa e ainda é, em grande parte, mais de 80% é a decisora na hora da compra doméstica”, pontua Carolina. “Agora, ela também tem uma independência e poder financeiro e econômico para comprar, sendo bastante atenta a como essa empresa se posiciona diante do mundo e das pessoas, possuindo uma consciência muito clara do que ela quer e também do não quer”, explica.
Ainda, a cooperativa financeira Sicredi destaca: “Criamos o Comitê Mulher, com o objetivo de promover a equidade de gênero, para que as mulheres possam participar da gestão em todos os níveis da cooperativa, liderando, empreendendo e promovendo o desenvolvimento sustentável do nosso modelo de negócio nas suas comunidades”, avalia Carla Katsurayama. “Além disso, no nosso hub de investimento social, o Sicredi na Comunidade, são disponibilizados alguns cursos específicos para mulheres, com foco em empreendedorismo e cooperativismo”, acrescenta.
Desafios na comunicação
Apesar das vantagens, a dificuldade de se comunicar com essa parcela de consumidores ainda é recorrente. Entre os principais desafios estão a falta de autenticidade e a generalização de mensagens. Mesmo que todos estejam falando da importância de praticar a inclusão, o público sabe reconhecer quando, de fato, isso é colocado em prática de maneira genuína. “O que as organizações precisam hoje entender é que não podem fazer as mesmas coisas que faziam há décadas. Não podem falar e se posicionar de forma generalizada, precisam entender quem é esse público”, analisa Carolina Gilbert.
Colares pontua que é fundamental para as cooperativas manterem um ciclo contínuo de escuta ativa e adaptação às necessidades dos seus cooperados mais jovens. “Isso não só aumenta a participação das gerações Y e Z, mas também fortalece o modelo cooperativista como uma alternativa mais atrativa e sustentável”, acrescenta.
O futuro
O futuro das cooperativas depende da sua capacidade de se adaptar e se alinhar com os valores e expectativas de públicos diversos. Isso significa não apenas adotar práticas inclusivas e sustentáveis, mas também se comunicar de maneira eficaz e autêntica com esses grupos.
“O cooperativismo tem origem na palavra cooperar, que vem do latim do cooperare, que significa trabalhar em conjunto. Então, a tendência é, se você tem uma união de forças e união de objetivos com o mesmo propósito, é claro que isso é mais atrativo do que você ter ações, vamos dizer assim, individuais. O grupo vai ser sempre mais forte do que uma ação isolada”, conclui Carolina.
Ao dialogar com a diversidade e trabalhando em conjunto, as cooperativas estão melhor preparadas para atuar de forma ética e responsável, sendo capazes de identificar e combater discriminações, promovendo assim, uma cultura de respeito e dignidade para todos.
Características de cada geração
Baby Boomers (1944-1962)
Preferem trabalho presencial e valorizam estabilidade e hierarquia. Contribuem com experiência e abordagem conservadora em tecnologia.
Geração X (1963-1978)
São flexíveis e equilibram vida pessoal e trabalho. Valorizam autonomia e inovação, contribuindo com pragmatismo e habilidades técnicas.
Geração Y (Millennials) (1979-1994)
Digitais nativos, buscam propósito e flexibilidade. Influenciam negócios com demandas por transparência, diversidade e inovação tecnológica.
Geração Z (1995-2009)
Totalmente digital, busca autenticidade e rapidez. Exige transparência, sustentabilidade e força a modernização e inclusão nas empresas.
Geração Alpha (2010-2026)
Crescendo imersos em tecnologia, são altamente adaptáveis. Trarão inovações tecnológicas e impulsionarão rápidas transformações no mercado.