Cooperativismo
Cooperativa da agricultura familiar resgata cultura do Algodão em parceria com a Embrapa
Projeto visa revitalizar e expandir o cultivo do algodão no semiárido alagoano, promovendo sustentabilidade e diversificação de renda para agricultores familiares.
A Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar (COOPCAF), localizada em São José da Tapera, deu início a um projeto inovador de revitalização e expansão da cultura do algodão no semiárido, incluindo Alagoas no Programa de Fortalecimento da Cultura do Algodão por meio de Consórcios Agroecológicos. Essa iniciativa é promovida pela Embrapa Algodão, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Consórcio Nordeste e a União das Cooperativas da Agricultura Familiar e da Economia Solidária (Unicafes-AL). A solenidade de lançamento do programa aconteceu na terça-fe ira, 27 de agosto, na sede da COOPCAF, reunindo agricultores, estudantes do Instituto Federal de Alagoas (IFAL) e representantes do setor.
O evento incluiu palestras que forneceram aos participantes uma base técnica sólida sobre o cultivo agroecológico do algodão, com foco na sustentabilidade e no fortalecimento da agricultura familiar. Os estudantes do IFAL participarão do projeto como agentes multiplicadores de conhecimento e assistência à produção.
Na quarta-feira, 28 de agosto, a programação continuou com uma visita a uma das duas unidades experimentais do projeto, localizada na comunidade Capim Grosso. Essas unidades servirão como centros de aprendizagem e pesquisa participativa, onde serão desenvolvidas e testadas práticas de cultivo inovadoras. Em Alagoas, a COOPCAF estabeleceu duas Unidades de Aprendizagem em Pesquisa Participativa (UAPs), que serão fundamentais para capacitar agricultores e agentes multiplicadores. A partir dessas unidades, o conhecimento adquirido será difundido, permitindo a ampliação do projeto em toda a região.
Verônica Gomes, presidente da COOPCAF, destacou a importância do projeto para a região: "O projeto de revitalização do algodão no semiárido visa promover a sustentabilidade da agricultura familiar e garantir a segurança alimentar das famílias envolvidas, além de oportunidade de de diversificação de renda ",ressaltou.
Uma característica importante do projeto é o consórcio de culturas, onde o algodão é plantado juntamente com outras culturas alimentares, como milho, abóbora, gergelim e amendoim, além de culturas para alimentação animal, como a palma forrageira. Para Roberto Moura, diretor da Unicafes-AL, essa abordagem garante que, mesmo em caso de frustração da safra do algodão, as famílias ainda terão outras fontes de alimento e renda. "A agricultura familiar tem uma especificidade no trabalho que é a sustentabilidade e segurança alimentar. Por isso, o emprego de programas de manutenção efetiva contribuem para evitar o abandono da atividade e a formação de um campo mais próspero", apontou Moura.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Algodão, Frederico Oliviere Lisita, a parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Embrapa e o Consórcio Nordeste visa fortalecer e ampliar o cultivo do algodão agroecológico na região do semiárido, abrangendo os nove estados do Nordeste.
"O algodão foi, durante muitos anos, a principal cultura geradora de renda na agricultura familiar no semiárido. No entanto, devido à introdução de pragas e outros desafios, essa atividade entrou em declínio, deixando de ser uma fonte significativa de renda para os agricultores," explicou Lisita.
A retomada da cultura, segundo o pesquisador, conta com práticas atualizadas e que atendem necessidade de diversificação na agricultura familiar. "Este projeto, iniciado na década de 1990, visa retomar o cultivo do algodão de forma diferenciada, com novas cultivares de algodão herbáceos, plantado de maneira agroecológica e com foco na certificação orgânica, o que garantirá um melhor preço no mercado", afirmou.