O uso de inteligência artificial (IA) encontrou no mercado de crédito um dos principais caso de uso no Brasil. Atualmente, instituições financeiras como bancos, fintechs e cooperativas recorrem aos chatbots para análise personalizada dos consumidores, agilização dos processos e mitigação de riscos, antes da liberação do dinheiro.

De acordo com os últimos dados do Banco Central (BC), o mercado de crédito ampliado a empresas no Brasil alcançou a R$ 6,2 trilhões no acumulado anual de julho, 55,6% do Produto Interno Bruto (PIB), volume 9,4% superior ao mesmo período do ano passado. Quando ampliado ao setor não financeiro, o volume chegou a R$ 15,6 trilhões, 143,4% do PIB de 2023.

Por outro lado, os dados de julho do Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas do Serasa apontam que 72,66 milhões de brasileiros estão com inadimplência, além de 136 mil novos registros em agosto. Segundo a empresa, a maior fatia dos inadimplentes é composta por pessoas entre 41 e 60 anos (35,1%). Em seguida aparecem pessoas entre 26 e 40 anos (34,1%), pessoas acima de 60 anos (18,9%) e pessoas entre 18 e 25 anos (11,9%).

Segundo observou um artigo da coluna E-Investidor, o jornal O Estado de São Paulo, a inteligência artificial individualiza as análises de crédito porque a maior parte dos endividados também possuem independência financeira. O que possibilita acesso ao crédito a mais pessoas. Foi o que salientou Adriano Romero, diretor da Evertec + Sinqia, uma das empresas de tecnologia que apostam na IA para análise e personalização de crédito.

A IA também é a mais nova aliada do cooperativismo financeiro, que utiliza chatbots alimentados por IA para esclarecimento de dúvidas dos cooperados, análise e recomendação de produtos personalizados com base em seus hábitos e histórico financeiro, identificação de riscos de inadimplência e reconhecimento facial.

Hoje, grande parte das cooperativas já adotaram ferramentas de IA, e seu uso tem se aprimorado nos últimos meses. Isso, unindo suas facilidades ao modo humano com o qual o setor atua, sem deixar de lado sua essência.

Entre confiança e ceticismo, a inteligência artificial é uma realidade que pode revolucionar o cooperativismo, mas requer uma nova visão pessoal, profissional e de mundo. No setor financeiro, cooperativas estão demonstrando amplo interesse em adotar a IA em seus processos, com a criação de iniciativas e comitês para tratar da aplicação de novas tecnologias. Para além do setor, já na saúde, a IA auxilia em diversos processos, inclusive no monitoramento de pacientes.

Esse é um dos principais nichos de mercado da plataforma de IA Cinnecta, já que as cooperativas de crédito contemplam atualmente 57% dos municípios brasileiros. O que representou R$ 731 bilhões em ativos em 2023, ano em que as cooperativas registraram um aumento de R$ 582 bilhões em captações.

Na avaliação da empresa de tecnologia, o avanço da IA “possibilitou às cooperativas analisarem padrões de comportamento em grandes volumes de dados e identificarem ofertas mais alinhadas às expectativas dos cooperados”.

De olho no potencial da IA para esse segmento de mercado, o Centro Universitário Univel (Univel), em Cascavel (PR), lançou recentemente um MBA em IA Aplicada a Negócios. O que, segundo o coordenador do curso ao G1, oferece grande benefício aos profissionais do segmento de cooperativismo.