Cooperativismo
Pindorama inova com projeto do hotel do boi em AL
Projeto consiste em confinar os animais no período de setembro a março, onde existe uma maior dificuldade de alimentação no campo, permanecendo no espaço para engorda
Sempre em busca de inovações, a Cooperativa Pindorama lançou o primeiro confinamento coletivo de bovinos de Alagoas, denominado de boitel ou hotel do boi. A iniciativa, que despertou o interesse de criadores e que já se encontra em funcionamento há mais de duas semanas, também é pioneira na região Nordeste. O projeto, que funciona na área da pecuária da cooperativa, conta com 1.240 animais confinados de 20 criadores, tendo a expectativa de chegar a dois mil bovinos nos próximos dias.
O conceito do projeto consiste em confinar os animais no período de setembro a março, onde existe uma maior dificuldade de alimentação no campo, permanecendo no espaço para engorda e depois seguindo para o abate.
”A expectativa é que o animal chegue a ganhar de uma a duas arrobas nesse confinamento, por mês. Os animais que chegam maiores - em torno de 350kg a 400 kg – devem sair após três meses com 19 a 21 arrobas. Os menores demoram um pouco mais para ganhar peso para chegar ao ponto de abate que é 550 kg a 600 kg. A gente não aceita animal com menos de 300 kg. Estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos nessa fase inicial”, declarou o presidente da Cooperativa Pindorama, Klécio Santos.
De acordo com ele, o confinamento funciona em uma área considerada simples, mas organizada. “Temos a área, água há 50 metros e o alimento há 500 metros desse espaço onde funciona o confinamento. Por termos tudo próximo, estamos contribuindo ainda com a questão ambiental. Afinal, não é necessário percorrer centenas de quilômetros para obter tudo isso, além de evitar gastos com diesel, pneus, entre outros. A ideia é evitar custos e poder reduzi-los cada vez mais”, destacou.
Funcionamento
Em termos práticos, segundo o presidente de Pindorama, o produtor fica com 35% de tudo o que animal ganhar de peso no período que estiver no confinamento. “No caso de fêmeas o percentual fica mais baixo e cai para 30% porque o ganho é menor e o consumo é o mesmo. O restante do percentual fica para a cooperativa para cobrir os custos com o confinamento. Esse primeiro momento de aprendizado está sendo muito interessante. É um ganho para todos. No próximo ano, vamos ter um norte melhor em todos os sentidos”, afirmou o diretor de Pindorama, reforçando que um animal no período de verão, no campo, tende a emagrecer. “Afinal, o boi não engorda por não ter a alimentação adequada de que ele precisa”, afirmou.
WDG e bagaço
Para a alimentação dos animais no confinamento a cooperativa usa uma mistura feita de bagaço de cana com WDG, que é um coproduto da fabricação e etanol de milho e sorgo. “Temos dois coprodutos que representam 90% da ração. Os outros 10% é formado por micronutrientes. Existe toda uma assistência e apoio dado por uma equipe de veterinários e zootecnistas que fazem esse balanceamento nutricional. A cada semana estamos recebendo 500 animais. Todos eles passam por um período de sete dias de quarentena para adaptação e redução de estresse. É um projeto muito estratégico para a cooperativa. Temos animais de cooperados e de criadores que também não fazem parte da cooperativa”, frisou Klécio Santos, afirmando que em Alagoas existe um confinamento privado, no município de Delmiro Gouveia.
“Mas esse é o primeiro coletivo do estado. O nosso projeto deu tão certo que já estamos ampliando a área diante da procura dos criadores. Estamos também pensando em confinar no período do inverno, mas com apenas 1/3 da capacidade”, reforçou.
Segundo ele, o WDG, que é consumido por produtores de animais de gado de leite e de corte, é comercializado pela cooperativa de forma a granel e também ensacado. “Produzimos de 100 a 150 toneladas, por dia. Desse volume, 50 toneladas são ensacadas, o que aumenta a durabilidade por até um ano. O quilo é R$ 0,55 ensacado e R$ 0,40 a granel. Diante da grande eficiência do produto, a procura está cada vez maior”, destacou.
Chip
Para ter um melhor controle dos animais, todos recebem um chip eletrônico que, diante da utilização de um bastão, é feita a leitura passa informações sobre o proprietário, peso e idade do animal. “Com isso, a gente faz a leitura no próprio curral. Estamos fazendo leituras constantes para atualizar os dados”, disse Gustavo Santos, coordenador da Pecuária da Cooperativa Pindorama.
De acordo com ele, após a adaptação, os animais passam a ter um comportamento mais dócil, o que facilita o manejo deles no confinamento. “O cocho está sempre cheio com a quantidade necessária para atender todos os animais que estiverem na área de confinamento”, reforçou.
O espaço do confinamento é dividido em piquetes. “Cada um destes piquetes conta com 60 animais com 24 metros de cocho. Há a separação de fêmeas e machos, onde fica um piquete vazio para que não ocorra o contato entre os animais. São 12 metros quadrados por animal. Já temos dez piquetes prontos e quatro em construção”, finalizou.