Cooperativismo
O cooperativismo é uma força econômica e social decisiva no Brasil
Evento promovido pelo Metrópoles em parceria com o BNDES e Sistema OCB reuniu especialistas para debater o papel e futuro do setor

Atualmente, o Brasil conta com 4.509 cooperativas. O número representa um crescimento de mais de 50% nos últimos 20 anos. São mais de 23 milhões de trabalhadores organizados nas instituições que atuam em diversos setores, como agricultura, transporte, infraestrutura, serviços e crédito.
“O cooperativismo é uma força econômica e social decisiva no Brasil. Dos três maiores repassadores do BNDES, dois são cooperativas”, destacou Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A importância desse segmento foi assunto do talk “O impacto do cooperativismo no desenvolvimento do Brasil e o apoio do BNDES”, promovido em 10 de abril, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Rio de Janeiro.
O evento, promovido pelo portal Metrópoles, em parceria com o BNDES e com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), reuniu representantes do setor para debater o papel estratégico das cooperativas na economia nacional. O encontro também contou com transmissão ao vivo pelo YouTube.
“A relação entre o cidadão e a cooperativa é muito importante para aqueles que têm dificuldade no acesso ao crédito. Nós temos mais de mil cidades que não têm agência bancária, só cooperativismo.”
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES
Como principal parceiro financeiro das cooperativas, o BNDES já promoveu 260 mil operações de crédito com esse sistema, sendo que R$ 34,4 bilhões foram destinados aos micro e pequenos empreendedores.
O presidente ainda destacou as iniciativas do banco para o fomento e apoio financeiro para o segmento. “Em 2024, lançamos o ProcapCred, aumentamos o valor de R$ 30 para R$ 100 mil para captação da cooperativa. A expectativa é chegar a R$ 2 bilhões até o fim do ano.”
Também presente na mesa de abertura do talk, o deputado federal Arnaldo Jardim, presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), defendeu que políticas públicas eficientes são fundamentais para o desenvolvimento do setor. “Hoje somos mais de 300 parlamentares de todas as correntes políticas, focados no desenvolvimento do cooperativismo.”
O que são as cooperativas de crédito?
As cooperativas de crédito são instituições financeiras autorizadas e reguladas pelo Banco Central. Oferecem os mesmos serviços que bancos tradicionais e fintechs — como contas-correntes, investimentos, seguros, financiamentos e operações via Pix ou Open Finance — com o diferencial de uma gestão democrática e participativa.
O apoio a micro e pequenas empresas é um dos principais pilares dessas instituições, representando mais de 50% das operações com pessoas jurídicas — índice muito superior ao dos bancos privados, onde essa fatia gira em torno de 17%.
Para o deputado federal Fernando Mineiro, as cooperativas são a porta de entrada e estabilidade para vários setores da economia. “É a maneira de incluir aqueles que estão totalmente marginalizados. Mulheres, comunidades. Como eles entram na economia? Por meio do cooperativismo”, reforçou.
Parceria entre o BNDES e o Sistema OCB
A parceria entre o BNDES e o Sistema OCB tem sido determinante nesse avanço. Apenas no último ano, as operações de repasse via cooperativas corresponderam a 34% das operações aprovadas pelo BNDES com agentes financeiros parceiros — um salto significativo em relação aos 3% registrados em 2014.
Segundo Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB, a expectativa de crescimento no setor é alta. “Nossa missão é chegar a 1 trilhão de movimentação econômica de faturamento até 2027, beneficiando cerca de 30 milhões de cooperados e, provavelmente, gerando 1 milhão de empregos diretos.”
Para chegar a esse alcance, a Organização das Cooperativas Brasileiras criou um plano de ação estratégico que visa a organizar e promover o segmento. Gestão e governança, tecnologia e inovação e sustentabilidade estão entre os destaques.
“O movimento já é um importante agente de desenvolvimento em milhares de comunidades pelo país. Mas nosso potencial é ainda maior e, com parceiros estratégicos como o BNDES, conseguimos chegar mais longe, promover ainda mais inclusão social, produtiva e econômica com base em princípios democráticos e participativos”, enfatizou Márcio.
Perspectivas para o futuro
O seminário reforçou o papel das cooperativas como protagonistas na construção de um modelo econômico mais justo e sustentável. A discussão ocorre em um momento de grande visibilidade para o setor. Em 2025, o mundo celebrará o Ano Internacional das Cooperativas, proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O tema escolhido para 2025 é “Cooperativas Constroem um Mundo Melhor”. A proposta reforça o papel estratégico das cooperativas como ferramentas para enfrentar desafios globais, especialmente no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU até 2030.
“O Brasil vai sediar o maior evento sobre sustentabilidade no momento mais crítico. Mas, a COP 30 não é só o Amazonas, é o Brasil, com os mais diversos biomas”, reforçou o deputado federal Fernando Mineiro.
O cooperativismo desempenha um papel estratégico na promoção do uso de tecnologias de energia renovável e de soluções de baixo carbono — temas que estarão em pauta na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), prevista para novembro de 2025, em Belém.
Nesse contexto, o BNDES vem intensificando os esforços para fomentar investimentos sustentáveis, ampliar o uso de fontes renováveis de energia e apoiar micro, pequenas e médias empresas, além de produtores rurais.
Um dos focos do banco tem sido a atuação com recorte regional, com atenção especial ao fortalecimento do acesso ao crédito em áreas historicamente menos atendidas, como as regiões Norte e Nordeste.
Durante o evento, o BNDES e a OCB assinaram um acordo, com duração de cinco anos, que visa a intensificar ainda mais os investimentos no setor.
“Os dados apresentados demonstram com clareza o propósito e a potência do modelo cooperativista. Ele é uma força viva, um ecossistema que dinamiza as economias locais, gera impacto e transforma realidades. Está alinhado ao que o Brasil precisa”, ressaltou a diretora de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES, Maria Fernanda Coelho.
