Economia

Setor industrial do NE mostra indicação de retomada de crescimento

Os índices econômicos do NE destacam o desempenho positivo do setor como um início de estabilidade

Por Agência Brasil 04/12/2016 09h09
Setor industrial do NE mostra indicação de retomada de crescimento

Os índices econômicos do Nordeste destacam o desempenho positivo do setor industrial como um início de estabilidade e uma possível retomada de crescimento no setor para a região. A informação é do Banco Central do Brasil (BC), que divulgou nessa sexta-feira (2), em Salvador, o Boletim Regional, com dados e indicadores econômicos de cada região do país.

A produção industrial da Região Nordeste recuou 0,9% no trimestre encerrado em agosto, após a expansão de 3% no trimestre anterior, índice considerado como positivo no relatório do Banco Central e que pode resultar em possíveis repercussões positivas sobre as demais atividades econômicas do Nordeste, como a agricultura, o comércio e a construção civil, que tiveram desempenho negativo.

Na indústria relatório destacou índices negativos nas atividades de metalurgia e coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis, na Bahia, no entanto, outros dois importantes estados da região no setor industrial - Ceará e Pernambuco - cresceram no trimestre encerrado em agosto.

Apesar do bom desempenho no setor da indústria, a economia do Nordeste continuou retraída pelo terceiro trimestre consecutivo deste ano, interferindo diretamente no comércio, na agricultura e na construção civil. O comércio varejista da região obteve queda de 2,3% no trimestre encerrado em agosto, por exemplo. No mesmo período, o comércio ampliado - relacionado à demanda do consumo das famílias - obteve recuo de 2%.

Quedas

Os segmentos relacionados às vendas tiveram queda, segundo o BC, durante sete trimestres consecutivos. Isso se deve, de acordo com o estudo, à redução do emprego e do rendimento real, além de maior restrição na obtenção de crédito para compras. Em relação à agricultura, a "expressiva retração" se deve à forte estiagem pela qual passaram importantes estados produtores.

Em relação ao setor da produção agrícola, o BC estima que o Nordeste pode registrar queda de 40,1%, ao final de 2016, em relação ao ano passado, enquanto que a estimativa para todo o país é de 12,3%. A queda acentuada na agricultura do Nordeste reflete a forte estiagem nos estados produtores da região, que podem reduzir, principalmente as colheitas de soja, feijão e milho. Como a estiagem no Nordeste foi um ponto considerado extremo, este ano, a perspectiva do BC é que a produção agrícola da região tenha crescimento de 51%, em 2017, em relação a 2016.

A construção civil, que também apresentou queda, enfrenta uma crise nacional e vem finalizando importantes obras na região.

Mercado de trabalho

Apenas três estados - Bahia, Pernambuco e Ceará - são responsáveis por 62,8% do Produto Interno Bruto (PIB) da Região Nordeste, que ficou em R$ 805 bilhões, em 2014. Os três estados apresentam semelhanças em relação ao atual mercado de trabalho, segundo o Chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel. Em relação à indústria, entretanto, Bahia, Ceará e Pernambuco apresentam diferenças. "O recuo no setor foi mais sentido na Bahia, em comparação com os outros dois estados", disse.

Segundo o estudo do BC, a retração da atividade econômica nordestina influenciou, negativamente, os resultados das contas públicas da região. O superavit primário dos governos dos estados, das capitais e dos principais municípios do Nordeste apresentou queda de 80,6% no primeiro semestre de 2016, em relação a mesmo período de 2015.

Bahia

O boletim regional divulgado pelo Banco Central do Brasil apresentou uma seção específica sobre o estado da Bahia, que representa a maior fatia (27,8%) de todo o PIB do Nordeste, referente a 2014. Em contrapartida, o estado apresentou o maior índice de desemprego de toda a região (15,9%), em 2016: o equivalente a 4,1 pontos percentuais (p.p) a mais que a taxa de desemprego nacional e 1,8 p.p acima do índice regional. 

Apesar de o estado ainda ter maior atividade econômica centralizada na Região Metropolitana de Salvador, o perfil econômico da Bahia vem ganhando uma mudança significativa, devido à "descentralização e desconcentração" das atividades econômicas. Segundo a coordenadora da Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Salvador, Itamar Marins, esse processo de diversificação se deu com a chegada da indústria automobilística, a celulose no extremo-sul da Bahia e da indústria de borracha.

“O processo de descentralização já ocorre porque a produção de celulose é no extremo Sul do estado, isso mostra que não há investimento somente na região metropolitana de Salvador, com a indústria petroquímica”, explicou a coordenadora, que destacou, também, a geração de energia eólica, como setor responsável pela diversificação e descentralização na economia da Bahia.

A economia da Bahia, segundo Itamar Marins, é considerada incomum, já que não se fixa em índices estáveis, por oscilar devido à composição da estrutura da economia do estado. Um exemplo é a atividade petroquímica, que responde às demandas externas. “Por exemplo, se há uma queda de energia, isso faz com que a produção caia, porque o prazo para religar esse tipo de indústria é maior”, explica.

De acordo com o boletim do BC, o crescimento real do PIB baiano apresentou, nos dois últimos anos, melhor desempenho que o Brasil. Em 2014, o estado teve crescimento de 2,3%, enquanto o Brasil cresceu 0,5%. Em 2015, no entanto, a Bahia teve queda no PIB equivalente a 3,2%. O PIB brasileiro caiu mais ainda: 3,8%.