Economia
RF ainda tenta evitar fechamento da Fábrica da Pedra
Depois de conversar com prefeito do município e proprietário da indústria, governador avisa que apoiará ideias para manter a indústria
Em julho de 2016, durante visita a Santana do Ipanema, o governador disse que a Fábrica da Pedra, maior indústria do sertão de Alagoas, sediada em Delmiro Gouveia, não iria fechar. A empresa está sem produção desde março do ano passado, depois de sofrer um corte no fornecimento de energia pela Eletrobras (Ceal).
Com o agravamento da situação financeira da empresa, já se sabe que a diretoria da empresa deve anunciar no começo da próxima semana a demissão de grande parte dos funcionários. São mais de 420 trabalhadores que estão recebendo salários há dez meses, mesmo com a indústria fora de operação.
Nos últimos dias cresceram os rumores sobre o fechamento da indústria em definitivo. Durante manifestações realizadas na cidade essa semana, algumas pessoas lembraram da afirmação do governador e cobraram a “promessa”.
Renan Filho se reuniu no começo desta semana com o prefeito de Delmiro Gouveia, Eraldo Cordeiro e com o empresário Fernando Farias, diretor do Grupo Carlos Lyra, controlar da Fábrica da Pedra. O deputado estadual Ronaldo Medeiros (PMDB) também participou do encontro em que foi avaliada a situação da empresa.
O governador Renan Filho conversou com a reportagem do Jornal de Alagoas nessa quarta-feira a noite e reafirmou o compromisso com o município e a região. “O governo quer ajudar de todas as formas, está disposto. Já abriu mão de todos os impostos, quer colaborar nas negociações com a Ceal (Eletrobras) para o parcelamento do débito e pode até ajudar a viabilizar um financiamento. Agora, o governo não pode botar dinheiro em empresa privada, infelizmente”, explicou.
Para a retomada da produção, segundo informações do Grupo Carlos Lyra repassadas ao governador, seria necessário um aporte de recursos, hoje, entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões.
Renan Filho lembra que sua declaração, de que a fábrica não iria fechar, foi dada em outro momento. “Desde então fui informado que o grupo buscou diferentes soluções e não conseguiu, até o momento, encontrar alternativas para retomar a operação. Mas isso não quer dizer que a fábrica vai fechar em definitivo”, ponderou.
O governo, avisa o governador, está aberto, a disposição para qualquer saída: “já conversei com o prefeito, com o proprietário da empresa. O governo vem lutando há tempos para para manter a Fábrica da Pedra, mas diante do enorme prejuízo que o grupo empresarial vem levando, o grupo não aguentou. Vinha havendo uma transferência recursos do grupo Carlos Lyra, do setor sucroalcooleiro para a fábrica , mas esse setor também está em crise, uma crise dura, sem crédito nos bancos”.
Segundo o governador, o Grupo Carlos Lyra gostaria de manter a fábrica em produção. “Isso não é possível agora, mas não vai fechar definitivamente. Não é esse o cenário . Não é definitivo. A indústria tem bons equipamentos. Vamos aguardar outro momento. Se tiver um parceiro para retomar a produção, uma ideia, vamos apoiar”, enfatizou.
Decisão
Nessa quarta-feira assessores da diretoria do Grupo Carlos Lyra estiveram em Delmiro Gouveia conversando com trabalhadores da Fábrica, diretores dos sindicatos e trabalhadores e autoridades locais. Em nome da diretoria, comunicaram a empresa anuncia uma posição na próxima segunda-feira.
O que deve acontecer num primeiro momento é o desligamento de parte dos funcionários, com garantia de pagamento de todos os direitos trabalhistas. A empresa no entanto deve continuar aberta, enquanto se trabalha por alternativas para a retomada da operação, seja com o atual grupo ou até outro grupo. A diretoria doo Grupo Carlos Lyra já tentou captar recursos para capital de giro em bacos e também busca outros grupos que tenham interesse em assumir a operação.
Qualquer solução, no entanto, passa hoje pelo desligamento de parte do pessoal, uma preparação da empresa para projetos futuros.
Um duro corte
A crise Fábrica da Pedra se agravou com um “simples” corte de energia, provocado pelo atraso no pagamento de um mês – o equivalente a R$ 1,3 milhão. O desligamento, realizado no final de março de 2016, pela Eletrobras Alagoas, gerou um problema maior do que se poderia.
A diretoria da Fábrica tentou parcelar o débito e religar a energia. Sem acordo, a empresa ficou fora de operação industrial, decretou férias coletivas. A crise resultou na demissão, em meados do ano passado, de mais de 150 dos 580 trabalhadores da indústria.
Agora, os 420 empregos que restaram estão ameaçados. Depois de mais de 100 anos de operação, uma das indústrias mais antigas de Alagoas, considerada a maior do sertão do estado, pode fechar em definitivo.
A diretoria do Grupo Carlos Lyra, controlador da Fábrica da Pedra, trabalha na captação de novos recursos, através de financiamento bancário, desde março de 2016. A operação, que seria feita com bancos internacionais ainda não foi fechada.
A decisão oficial do grupo, até o final de 2016, era de retomar a operação na Fábrica da Pedra, a partir de um novo modelo – baseado na confecção de lençóis e na venda direta, porta a porta. Esse novo modelo, no entanto, depende de novos investimentos. O grupo, que também enfrenta dificuldades nas suas operações no setor sucroalcooleiro, não conseguiu assegurar os investimentos.
Com a desativação da fábrica, as dificuldades da empresas vem aumentando a cada mês. Sem produção e com despesas crescendo, mês a pós mês, o fechamento da indústria – ainda que temporário – é uma possibilidade pra lá de real.
O agravamento da crise na indústria pode mobilizar líderes políticos do estado. O governador Renan Filho (PMDB) se comprometeu a ajudar no que for possível e chegou a declarar que a indústria não fecharia. Outros políticos, como deputado federal Givaldo Carimbão também trabalharam para ajudar na reabertura da fábrica.
O destino da empresa e dos 420 trabalhadores que ainda restam por lá está, no momento, cercado de incertezas. O mais provável agora é que a empresa desligue um número maior de funcionários até que consiga captar os recursos necessários para a retomada da operação. É isso ou o fechamento em definitivo.