Economia

Cadeia do plástico em Alagoas supera crise e vira destaque nacional

Segmento gerou novos postos de trabalho, continua a crescer e oferece suporte para empresas

Por João Paulo Macena com Agência Sebrae 18/02/2017 19h07
Cadeia do plástico em Alagoas supera crise e vira destaque nacional

Considerada a terceira mais importante do estado, a Cadeia Produtiva da Química e do Plástico de Alagoas (CPQP) é destaque nacional, ficando em 1º lugar no ranking de contratações, segundo pesquisa divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Mesmo em meio à atual crise econômica, a cadeia gerou 142 novos postos de trabalho em 2016 e continua se fortalecendo graças ao apoio das instituições que a compõem, como o Sebrae em Alagoas, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/AL), Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), Governo de Alagoas, Braskem e Sindicato das Indústrias de Plásticos e Tintas do Estado de Alagoas (Sinplast/AL). Hoje, o sindicato conta com 36 empresas associadas, que geram mais de 3 mil empregos diretos e representam 14 mil diretos e indiretos.

De acordo com Gilvan Leite, presidente do Sinplast/AL, é justamente essa aproximação entre os atores da cadeia que tem deixado as indústrias de transformação de plástico mais fortes para enfrentar a crise e habilitadas a gerar mais empregos.

“O que diferencia Alagoas dos demais estados do Brasil é a governança das entidades envolvidas na cadeia. É por essa parceria que hoje somos destaque nacional, ultrapassando, inclusive, as cadeias do Sul e Sudeste do país, que são os maiores centros do Brasil, mas tiveram desaceleração no segmento. Nós conseguimos manter o crescimento mesmo em meio às dificuldades”, ressaltou Gilvan.

O presidente do Sinplast/AL também falou sobre as perspectivas para os próximos meses e sobre como a CPQP deverá continuar fortalecida durante o ano. “Esperamos que o segmento se recupere, mesmo que de forma lenta. Vamos mostrar para o Brasil o que Alagoas oferece e pode agregar com os negócios do nosso ramo, que hoje conta com empresas de uma diversidade de produtos, como embalagens, sacolas, tubos e conexões, cadeiras, forros, produtos do lar e artigos para festas. A ideia é manter o fôlego e fazer algo mais por nosso estado. É o que a cadeia vai buscar, sempre capacitando as empresas, tornando as nossas mais fortes e prospectando outras de fora”, continuou Gilvan.

Everaldo Figueiredo, gerente da Unidade de Indústria (UIND) do Sebrae em Alagoas, enfatizou que esse fortalecimento também se deu graças à revitalização dos polos industriais do estado e à capacitação de mão de obra especializada, feita, por exemplo, pelo Núcleo de Tecnologia do Plástico, coordenado pelo Senai/AL, e que transfere conhecimento para outros estados do Nordeste.

“Os polos industriais receberam novas empresas, e elas dependem de mão de obra. Hoje, destacamo-nos em termos de empregabilidade em relação ao resto do país por conta disso. Temos competência técnica para formar mão de obra e temos empresas para absorvê-la. Esse é um trabalho que vem sendo feito a longo e médio prazo. Temos dificuldades, mas a ideia é prospectar mais empresas e trabalhar para que as alagoanas sejam competitivas”, reforçou Everaldo.

Conquistas

Além do Núcleo de Tecnologia do Plástico que contribui com a mão de obra para as empresas, a cadeia também oferece capacitações e auxilia o público envolvido através da participação em projetos como o PicPlast, desenvolvido pela Braskem e Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), que já capacita cerca de 40 indústrias locais em aspectos como gestão e liderança. Outro fato importante é a participação dos empresários em missões e feiras nacionais e internacionais, oportunizadas pela cadeia através do Sebrae em Alagoas e do Sinplast/AL, entre elas, a Feira Internacional do Plástico (Feiplastic), que será realizada em abril, em São Paulo.

Luiz Magalhães, empresário da Uniplast, empresa apoiada pela cadeia, já participou de missões, feiras e capacitações para a melhoria da gestão do seu negócio. O empreendedor contou que a aproximação com as instituições que fazem parte da CPQP foi essencial para superar a crise e continuar firme no mercado.

“Minha empresa é pequena, temos 20 funcionários, mas nos preparamos para enfrentar a crise, fazendo investimentos, buscando inovar. Durante o pior período, não perdi lucratividade, não precisei demitir ninguém. E isso só foi possível graças ao apoio do Sebrae, da Fiea e do sindicato. Para mim, a crise já passou, agora é a hora da retomada”, afirmou o empresário.

Desafios

Segundo Gilvan Leite, o principal desafio do segmento químico-plástico é trabalhar a conscientização da população na área de reciclados. A ideia da cadeia é fazer com que catadores e pessoas que trabalham com materiais recicláveis tenham uma melhor estrutura para que possam agregar valor aos materiais que são descartados de forma inadequada no lixo.

“O que falta é conscientizar a população e o poder público. Temos que separar o que é o catador, o reciclador e o transformador. Muitas vezes, o catador não tem a informação, o conhecimento técnico nem material adequado. Então é preciso fazer um trabalho em conjunto com o governo, os empresários e o sindicato para que a gente possa dinamizar esse segmento de reciclagem”, pontuou Gilvan.

O presidente do Sinplast/AL também lembrou que os empresários contam com o apoio do Governo do Estado para que a Lei de Reciclados seja aprovada, desonerando o ICMS e a energia elétrica das empresas que trabalham com materiais recicláveis. “O que já foi descartado, já foi tributado. A aprovação dessa lei é algo essencial, fundamental para que esse segmento deslanche em Alagoas e torne a cadeia do plástico mais competitiva”, concluiu Gilvan Leite.