Economia
Dólar fecha em R$ 3,20 após notícia sobre condenação de Lula
O dólar ampliou a queda em relação ao real nesta quinta-feira (12) e fechou em baixa, após a notícia sobre a condenação do ex-presidente e Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, a moeda já operava em queda, em meio ao otimismo com a aprovação da reforma trabalhista no Senado, na véspera, e de olho em pistas sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos.
A moeda norte-americana caiu 1,4%, a R$ 3,2075 na venda, no menor valor desde maio. A Bovespa também reagiu à notícia sobre a condenação de Lula, passando a subir com mais força.
Na semana e no mês, o dólar acumula queda de 2,2% e 3,18% sobre o real, respectivamente. No ano, há baixa de 1,3%.
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, condenou o ex-presidente Lula em uma ação penal que envolve o caso da compra e reforma de um apartamento triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo. Ele foi condenado a nove anos e seis meses.
O diretor de investimentos da Gradual Investimentos, Pedro Coelho Afonso, disse que o mercado reagiu à notícia já mirando as eleições de 2018, ainda de olho na possibilidade de aprovação da reforma da Previdência. "Agora, aparentemente, o Lula é carta fora do baralho", disse em entrevista ao G1.
Afonso comentou ainda que, mais cedo, em meio aos desdobramentos da denúncia contra o presidente Michel Temer, os mercados não reagiram com tanta força. "O Temer acaba parecendo uma escolha do mercado financeiro, mas, na atual conjuntura, devido a toda essa turbulência, ele seria o 'menos pior', pelo menos para terminar esse governo até a próxima eleição".
"Imaginando uma possível candidatura, a volta do presidente mudaria a equipe econômica que hoje é totalmente pró-mercado", acrescenta Fernando Bergallo, Diretor de câmbio da FB Capital.
A professora da economia da Fecap, Juliana Inhasz, afirma que a condenação de Lula sinaliza ao mercado que a Lava Jato tem efeitos reais, retirando as dúvidas de que o juiz Sérgio Moro fosse mesmo capaz de condenar uma grande figura política. “O mercado financeiro colocou na ponta do lápis e viu com otimismo o fato de que a corrupção está sendo levada a sério”, diz.
Contudo, a decisão de Moro acrescenta mais incertezas ao cenário político e econômico, na visão da professora, uma vez isso aumenta as chances de que outras figuras políticas atualmente no poder também sejam condenadas, entre elas o presidente Michel Temer.
Reforma trabalhista
O mercado abriu os negócios desta quarta repercutindo a aprovação da reforma trabalhista no Senado na noite anterior. Após sessão tumultuada que durou mais de 11 horas, os senadores aprovaram o texto-base da reforma trabalhista por 50 votos a 26 e, em seguida, analisou três destaques (sugestões de alteração à proposta original). Todos foram rejeitados.
"O placar de aprovação da trabalhista foi folgado e, embora seja um termômetro pequeno para a aprovação de outras reformas, ajudou no tom positivo", afirmou à Reuters o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello, para quem o dólar vem procurando se acomodar num piso mais baixo do que os R$ 3,30 das últimas semanas.
Segundo a agência, o mercado continuava apostando que, com ou sem o presidente, a agenda de reformas deverá prosseguir uma vez que a atual equipe econômica poderia continuar mesmo com outro assumindo a Presidência do país. Na linha sucessória, está o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo maia (DEM-RJ).
Cenário externo
Da cena externa, ajudava na queda do dólar nesta sessão o discurso da chefe do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed). Janet Yellen afirmou que não será preciso elevar tanto os juros no país. Em seu discurso semestral no Congresso, explicou que os riscos para a economia americana estão equilibrados, mas que "as possíveis mudanças" previstas pela política econômica de Donald Trump representam "uma fonte de incerteza".
O mercado segue atento a pistas sobre os rumos dos juros no Estados Unidos porque, com taxas mais altas, o país atrairia recursos aplicados atualmente em outros mercados, o que motivaria uma tendência de alta do dólar em relação a moedas como o real.