Economia
Mais de 60% dos reajustes salariais ficaram acima da inflação em 2017
O desempenho do ano passado, no entanto, ainda está distante
Cerca de 63% dos reajustes salariais de 2017 implicaram ganhos reais aos trabalhadores, aponta balanço do Dieese (Departamento Intersindical Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgado nesta terça-feira (12).
Segundo o instituto, o dado sugere uma ligeira melhora para o empregado no quadro das negociações salariais em relação aos dois anos anteriores, marcados pela recessão econômica. Em 2015, metade dos reajustes ficaram acima da inflação do período e, em 2016, apenas 18,3%.
O desempenho do ano passado, no entanto, ainda está distante dos números observados entre 2006 e 2014 -neste último ano antes do aprofundamento da crise, 90,3% dos reajustes chegaram a ter ganho real.
"Esse desempenho contrariou as expectativas de que seria possível retomar os patamares de reajustes com ganhos reais pré- crise econômica, tanto em razão dos baixos índices inflacionários verificados, quanto da perspectiva de recuperação da economia", diz o Dieese no relatório.
Mais da metade (216 em 407) dos reajustes superiores à inflação do ano passado -considerando como referência o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)- registraram ganhos de até 0,5%. Quase 80% (319 em 407), de até 1%.
Em 2017, o INPC foi de 2,07%, a menor taxa desde a implantação do Plano Real, em 1994.
Foram analisados em 2017 os reajustes salariais de 643 unidades de negociação de trabalhadores na indústria, comércio e serviços -tanto no setor privado, como em empresas estatais–, em todo o território nacional.
Entre os setores considerados no estudo, a indústria foi o que apresentou desempenho menos favorável em 2017 ao trabalhador. Cerca de 58% dos reajustes salariais negociados no setor resultaram em ganhos reais acima do INPC, contra 63% dos firmados no comércio e 70% em serviços.
O Dieese avalia que a reposição do valor real dos salários em 2018 não deve ser o maior entrave das negociações entre categorias e empresas, dadas as baixas taxas inflacionárias, mas sim incertezas jurídicas pela nova lei trabalhista, em vigor desde novembro do ano passado.
"As negociações coletivas de 2017 foram -e, ao que tudo indica as de 2018 também serão- praticadas em um ambiente econômico desfavorável, agravado pelas incertezas causadas pelas mudanças na legislação trabalhista, que impactam fortemente a jurisdição do trabalho", afirmou. Com informações da Folhapress.