Economia
Dólar deve voltar a oscilar na próxima semana, afirmam analistas
O câmbio terá mais uma semana de estresse e oscilações, com a possibilidade de a cotação do dólar novamente se aproximar de R$ 4,20.
A avaliação é de economistas ouvidos pela reportagem após o resultado da mais recente pesquisa sobre a corrida presidencial divulgada pelo Datafolha na sexta (14) e da entrevista do candidato Fernando Haddad (PT) ao Jornal Nacional, da Rede Globo.
Nesta sexta-feira (15), o dólar fechou cotado a R$ 4,1670.
"Temos vivido com muita emoção, essa é uma das eleições com maior índice de incerteza. Em 2002, por exemplo, o mercado já sabia que Lula ganharia e tinha reações que acompanhavam esse resultado", diz Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest.
A especialista afirma que a ascensão de dois candidatos da esquerda com propostas não reformistas fará o mercado reagir mal na segunda (17).
De acordo com os números da última pesquisa Datafolha, as intenções de voto em Fernando Haddad passaram dos 9% registrados na segunda (10) para 13% na sexta. O candidato do PT está tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PDT), que manteve os mesmos 13%.
Geraldo Alckmin (PSDB) oscilou de 10% para 9% e Marina Silva (Rede), de 9% para 8%.
Primeiro colocado no levantamento, Jair Bolsonaro (PSL) chegou a 26% das intenções de voto. Antes, tinha 24%.
O último levantamento Datafolha, registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR 05596/2018, foi feito entre quinta (13) e sexta (14), ouvindo 2.820 eleitores em 197 cidades, com uma margem de erro de dois pontos para mais ou para menos. A pesquisa foi contratada pela Folha de S.Paulo e pela Rede Globo. O nível de confiança é de 95%.
"Antes, a soma dos candidatos de centro chegava a 30% das intenções de voto. Agora, o Datafolha mostra a força de Haddad, enquanto Marina e Alckmin não decolam", diz Fernanda.
O crescimento do candidato petista ainda não foi precificada pelo mercado, afirma João Rosal, economista da Guide Investimentos.
"O cenário com Bolsonaro no segundo turno está se consolidando, e Haddad, pela ascensão recente, deve ser o oponente, o que não é favorável aos olhos do mercado", diz Rosal. Para o economista, a ida de Geraldo Alckmin para o segundo turno está mais improvável.
Para os especialistas, o fato de os índices econômicos no Brasil não estarem acompanhando as oscilações internacionais mostra que as peculiaridades do momento eleitoral têm prevalecido.
"O cenário internacional não tem ajudado muito, mas, na quinta [13], a Turquia subiu juros. na sexta, foi a vez a da Rússia fazer o mesmo. Os mercados ficaram animados, mas o Brasil não seguiu essa tendência", diz Fernanda Consorte.
Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais ,afirma que, diante dos resultados recentes das pesquisas, o mercado aparentemente está aderindo à campanha de Bolsonaro devido à indicação de Paulo Guedes para o Ministério da Fazenda.
"Para o mercado, é muito ruim um segundo turno com Haddad ou Ciro Gomes. O Ciro fala em reduzir os preços de derivados de petróleo pela metade do que é hoje, isso bate direto na Petrobras. Já o Haddad andou falando que a petrolífera tem que cumprir seu papel no Brasil, embora a empresa tenha sido vilipendiada por governos anteriores", afirma Bandeira. Com informações da Folhapress.