Economia
Por que o Brasil ainda está fora do mercado globalizado?
Especialista explica os fatores que impedem a entrada de executivos no mercado internacional
No contexto atual, o conhecimento e as novas tecnologias estão evoluindo em ritmo muito acelerado e, por sua vez, impulsionam a retomada da economia e possibilitam novos negócios. Porém, para entrar em um mercado cada vez mais globalizado, as companhias precisam de estruturas adequadas para atender demandas diferentes do mercado nacional, explica Karla Nassuno Alcides, diretora do programa Katz EMBA oferecido pela University of Pittsburgh e a Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Diante de tal reflexão, é significativo analisar se os executivos brasileiros, responsáveis por novos negócios, estão preparados para dialogar com mercados internacionais. A especialista explica que no geral, o Brasil, principalmente no caso das instituições privadas, tem dado passos significativos, mas precisa superar um desafio primordial dentro do desenvolvimento, que é o idioma. "Embora várias tecnologias estejam sendo desenvolvidas para tradução simultânea, o inglês é a língua do business", ressalta Alcides.
Não existem muitos levantamentos atualizados, mas de acordo com a British Council, apenas 5% dos brasileiros falam inglês e menos de 1% apresenta algum grau de fluência. "Esse percentual mostra o déficit de profissionais capacitados a atuar em frentes internacionais. Temos aí um grande problema para o desenvolvimento nacional".
Outro fator que impede a capacitação é o baixo investimento em formação continuada. Alcides afirma que o mercado da educação executiva no Brasil é relativamente jovem, mas nas últimas duas décadas vem se desenvolvendo de um modo extremamente rápido, com possibilidades diferenciadas em graduação, pós, mestrado e cursos de extensão de menor duração. "É importante lembrar que existem demandas urgentes de setores da economia que exigem qualificação específica, como agribusiness, tecnologias e indústria do consumo, que estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste", ressalta a especialista.
Na Ásia e na Europa, a educação executiva está em expansão, isso mostra a globalização dos mercados e a transformação pela qual as empresas estão passando, ligadas à capacidade dos países de oferecem um nível de educação sofisticado. A diretora explica que preparar-se para enfrentar essas mudanças exige investimentos em novos modelos na formação de líderes e gestores, diferentes dos formatos atuais baseados em palestras, nas quais o professor fala e o aluno escuta. A metodologia deve abranger uma área de conhecimento mais complexa, que trabalhe com ferramentas gerenciais e compreenda a gestão de pessoas, visão estratégica, análise de risco, inovação e muitos fatores ligados à ética, sustentabilidade e diversidade.
Ainda dá tempo de correr atrás desses prejuízos, priorizando um plano de desenvolvimento. Se a empresa não tem recursos para investir, deve buscar outras alternativas, como parcerias com instituições de ensino, flexibilização de horários de trabalho e incentivo aos próprios executivos para que vá em busca de seu próprio progresso intelectual e profissional.