Economia
AL perde Zoraíde Beltrão, sua maior referência da pecuária de corte
Exemplo de trabalho e honestidade, empresária estava a frente do Mafrial há mais de 50 anos e era admirada por pecuaristas algoanos
Empresárira, atuando no comércio de carnes há mais de sete decadas, Zoraíde Beltrão de Castro construiu ao longo de sua vida uma marca que dificilmente será superada por qualquer outra pessoa. Com mais de 97 anos idade, a empresária trabalhava ininterruptamente todos os dias, tocando uma das empresas mais conhecidas do Estado: o Mataouro e Frigorífico Industrial de Alagoas (Mafrial).
Por mais de 70 anos, Zoraíde atuou na comercialização de boi, abastecendo vários mercados, especialmente o de Maceió. Nos últimos 50 anos ela esteve a frente do Mafrial. E foi no comando da empresa tornou-se uma empresária respeitada pelo setor produtivo alagoano, especialmente pelos cadeia produtiva da pecuária de corte.
Quem teve o privilégio de conviver e negociar com a empresária conta muitas histórias. Em todas elas sobressaem referências como trabalho e honestidade. Em resumo, dona Zoraíde, como era conhecida, era do tipo que honrava a palavra dada e cumpria todos os seus acertos. Todos.
Neste sábado, 14, Zoraíde Beltrão de Castro, finalmente descansou. O Sepultamento foi realizado neste domingo. A morte da empresária foi lamentada por diversos produtores rurais alagoanos. Aqui trago o depoimento de dois deles que acompanharam a trajetória dela nos últimos anos.
“Fui visitar no hospital e fui visitar na casa dela. E fui ao enterro hoje. Faz parte da história da pecuária alagoana. Mais de 50 anos comprando gado de Alagoas. Ia lá desde criança acompanhando meu pai. Lamentável demais. Fica o exemplo de trabalho e honestidade”, aponta o pecuarista Antônio Brandão, presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Faeal.
Ele reforça: “Zoraíde foi importantíssima para a pecuária alagoana. A história dela e da pecuária alagoana se misturam. Sempre foi um Porto Seguro para nós pecuaristas. Pelo menos 60 anos comprando gado. Antes do frigorífico Mafrial ela e o marido já comercializavam gado
Meu pai vendia gado pra eles desde quando eles tinham negócio na rua do Sl no centro da cidade (Maceió). Maior referência do setor de carnes”.
O veterinário e produtor Fred Andrade diz que dona Zoraíde era uma referência para balizar o preço da arroba do boi gordo em Alagoas. “Os demais segmentos da produção carne só respondiam, só aumentava em função do preço do Mafrial. Ela era realmente quem comandava. Ela era principal referência da valorização do preço da arroba do boi”, afirma.
A morte de dona Zoraíde, avalia Fred, deixa uma interrogação: “A lacuna que dona Zoraíde deixa para o setor produtivo de Alagoas é muito grande. Daqui para frente como será a programação de preços e acertos e demandas do setor frigorífico do Estado de Alagoas? Ela era uma referência de tudo que falei e de honestidade. Sempre honrou rigorosamente todas as programações que tive com ela. Fico muito emocionado da forma como ela sempre nos tratou. Alagoas perdeu uma grande empresária, uma grande alagoana. É uma lacuna difícil de ser preenchida por outra pessoa ou empresário do setor de carne de Alagoas”, aponta.
De acordo com Fred, Zoraída ajuda a balizar o preço do boi não só em Alagoas: “trabalhava com ela há muitos anos, desde a época da Boa Sorte. Ela vai fazer falta grande. Era referência do preço do bois não só para Alagoas, mas também Sergipe, Pernambuco e Paraíba. Muito honesta e além disso valorizava muito o setor da produção de carne”, afirma.
Um pouco de história
Reproduzo trechos de texto que encontrei sobre dona Zoraíde no blog do Adalberto Gomes.
“A pecuarista, natural de Coruripe, iniciou suas atividades aos 20 anos, quando se casou com Zequinha Beltrão e juntos, construíram o primeiro matadouro frigorífico do estado, que completou 50 anos de existência em plena atividade.
Zoraide Beltrão conta que não existe segredo para sua longevidade. Nascida em outubro de 1922, e filha de Terezinha Beltrão de Castro de João Beltrão, a mulher de fibra diz que acorda todos os dias acordo as cinco da manhã.
“Todos os dias acordo as cinco da manhã, mas só levanto às seis depois de minhas orações para Nossa Senhora da Conceição. Depois, tomo um bom café com pão torrado e me desloco com o motorista até o Mafrial, onde desenvolvo minhas atividades, controlando toda administração da indústria” afirmou a empresária.
A empresária, juntamente com o irmão, foram os primeiros proprietários da usina Coruripe, que começou sua atividade na pecuária de corte, juntamente com o marido Zequinha Beltrão, que foi assassinado nos anos 80.
Veja aqui o texto na íntegra: Alagoana de 93 anos pode entrar no 'Livro dos Recordes'