Economia
Sebrae: Pesquisa mostra que pequenos negócios tiveram queda nas vendas
Foram ouvidos 641 empreendedores no período de 28 a 30 de março
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Alagoas realizou, no período de 28 a 30 de março, uma pesquisa para identificar o impacto econômico da crise provocada pela pandemia do coronavírus (covid-19) nas micro e pequenas empresas alagoanas. De acordo com a pesquisa, mais de 93% dos pequenos negócios tiveram queda nas vendas e, consequentemente, no faturamento. Contratos cancelados, expansão de vendas online, teletrabalho e cortes de premiação são as medidas tomadas pelas empresas neste momento de crise.
O levantamento mostrou que 73% mantiveram seus funcionários nos postos de trabalho, apesar da queda no faturamento e que, caso o fechamento total da economia dure mais de dois meses, as empresas pretendem tomar medidas alternativas antes da demissão. As principais delas são home office, expansão das vendas online, suspensão de pagamento de fornecedores, férias coletivas e empréstimos. Mesmo assim, um terço das empresas de pequeno porte poderão fechar suas portas.
A pesquisa mostrou ainda ser possível salvar grande parte dos empreendimentos com o esforço do governo, bancos, agências de fomento e cooperativas de crédito. Somente 12,1% das empresas precisariam contrair mais de R$ 100 mil para manter os negócios. Para mais de 46% dos entrevistados, linhas de crédito entre R$ 15 mil (microcrédito) e R$ 50 mil seriam o suficiente, e 15,6% das empresas pediriam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.
Além da possibilidade de adquirir empréstimos, as empresas consideram fundamental que o governo aplique algumas medidas. 43% delas sugeriram subsídios para pagamento de salários; 21,7%, a redução de impostos e taxas; 21,1%, a adoção de linhas de crédito diferenciada e 10,4%, o aumento de prazos de pagamento das obrigações das empresas. Ao todo, foram ouvidos 641 empreendedores.
Alternativa
Resistente ao delivery, até então, o proprietário da Sorveteria Belo Monte, José Ivanildo Lima, encontrou no serviço uma forma de minimizar os prejuízos causados pela pandemia do novo coronavírus. Ele conta que a demora em adotar o serviço foi porque, acompanhando as redes sociais, via muitas reclamações de clientes, principalmente em relação à demora na entrega de pedidos. Entretanto, segundo ele, quando o governo do Estado decretou o fechamento temporário dos estabelecimentos comerciais, tudo mudou.
"Fiquei muito preocupado, pois já estávamos acostumados a uma rotina e, de repente, isso aconteceu", diz. Ivanildo relata que no domingo seguinte após o decreto governamental ele recebeu a ligação de vários clientes perguntando se a sorveteria estava funcionando, e que uma cliente em especial despertou nele a ideia de adotar o delivery. O empresário conseguiu, com o serviço, manter o faturamento da empresa no patamar aproximado de 50%.
Hoje ele reconhece a importância do serviço e diz que vai mantê-lo por acreditar que a medida vai ajudá-lo a sair da crise. "Tendo em vista que está difícil, pois não temos experiência, mas tudo é um aprendizado.
Oportunidade
Com sua empresa formalizada há um mês, a proprietária da Bem Natú, Francine Cândido estava voltando de um curso em cosmetologia em Campinas, São Paulo, quando viu que a Unicamp havia suspendido as aulas devido à pandemia do novo coronavírus. Ela diz que ouviu relatos de pessoas que se reinventaram nesse período, com isso, decidiu lançar nas próximas semanas três produtos: álcool gel aromatizado com óleo essencial calmante e antiviral, sabonete líquido antisséptico e creme hidratante para as mãos.
"Eu não posso dizer que não estou preocupada diante do cenário do sistema de saúde do qual faço parte e do cenário econômico. Mas acredito que se mantivermos a calma, o cérebro funciona melhor e podemos ter a capacidade de pensar, não só para si, mas também para ajudar o outro. Esse é um tempo de ressignificação. E para o empreendedor, seja ele de que tamanho for, manter a calma atrai criatividade", afirma.
Apoio do Sebrae
Com o propósito de ajudar os empreendedores a se fortalecerem para enfrentar a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, o Sebrae em Alagoas ampliou o atendimento digital.
"Nesse momento de crise, nesse momento de quarentena, em que tornou-se impraticável para nós continuarmos com o atendimento presencial e que apenas através de canais digitais, do 0800 570 0800, do nosso portal, WhatsApp, nós estamos tendo condições de ter contato com os empreendedores. Temos ouvido, desde o início da crise, diariamente, todos os empreendedores que têm nos procurado. Temos também ligado para nossos clientes, aqueles que já participaram de cursos, treinamentos, consultorias, exatamente para saber como eles estão, sentir a temperatura desse momento tão desafiador", diz o diretor técnico do Sebrae em Alagoas, Vinicius Lages.
Ele afirma que o Sebrae tem atuado em três frentes: "Uma que é a manutenção da frente que nós temos, histórica em termos de política pública. Nós temos ajudado o governo federal nessas medidas que têm saído hoje, do Banco Central, do BNDES. As medidas que têm saído do Ministério da Economia têm o braço do Sebrae, têm o acompanhamento do Sebrae, têm o envolvimento do Sebrae. Estamos em rede no desenho dessas medidas no Brasil inteiro, os diretores do Sebrae junto com a direção nacional ajudando o governo a desenhar as melhores medidas para enfrentar esse momento tão desafiador. Nós temos fortalecido a nossa capacidade digital, colocando aí conteúdos importantes para ajudar os empresários a transitarem nesse período de crise, porque a gente sabe que muitos dos negócios não têm condições de funcionar da forma digital através de aplicativos, através do e-commerce".
O diretor técnico diz que o Sebrae em Alagoas está juntamente com o governo estadual acompanhando as medidas tomadas pelo governo federal e repassando essas informações por meio dos canais digitais da instituição.