Economia
Mulheres chefes de família não conseguem receber auxílio emergencial
Trabalhadores também relatam problemas no Caixa Tem, aplicativo do banco que permite movimentar conta digital
Na semana em que o Senado ampliou o auxílio emergencial de R$ 1.200 para mães adolescentes e pais solteiros, mulheres chefes de família que já tinham direito pela proposta do governo não conseguem receber o benefício.
É o caso de Maria Cecília Santiago de Souza, de 26 anos. Mãe de duas crianças, ela sustenta a família trabalhando como cabeleireira. No dia 7 de abril, baixou o aplicativo para fazer o cadastro no auxílio e recebeu com alívio a mensagem de que sua inscrição havia sido concluída com sucesso.
Com o passar dos dias, a esperança se transformou em frustração. Nesta quinta-feira, mesmo com o aplicativo ainda mostrando a mensagem “em análise”, Maria Cecília ligou para a central telefônica e recebeu a informação de que seu pedido foi negado:
- Disseram que eu não atendo aos requisitos, mas não dizem que requisito. É muito angustiante. Sou sozinha, estou sem renda e com duas crianças para alimentar.
Karol Rodrigues, de 27, é babá e mãe solteira de três filhos. Fez o cadastro logo após o anúncio do governo e não conseguiu receber o auxílio:
— Fiz o cadastro como mãe solteira. Não recebo Bolsa Família e não estava no CadÚnico (Cadastro Único do Ministério da Cidadania). Não havia um campo para preencher o CPF dos meus filhos. Todo dia abro o aplicativo e está em análise. Hoje (ontem), liguei para o 111 e me disseram que não tenho direito. Não explicaram por que, mas informaram que depois haveria mais explicações. Está muito difícil, eu sustento a família, pago aluguel e está começando a faltar tudo.
A Caixa argumenta que a análise para o recebimento do auxílio emergencial é feita pela Dataprev, empresa pública responsável por verificar se o cidadão cumpre todas as exigências previstas na lei.
Mas mesmo quem já teve o benefício aprovado e liberado está enfrentando dificuldades para ter acesso ao dinheiro. O casal Iago Neves, de 23 anos, e Jhenifer da Silva, de 20, teve a aprovação do auxílio de R$ 600. Contudo, o dinheiro ainda não chegou ao bolso dos dois por questões tecnológicas. Há três dias eles tentam usar o aplicativo Caixa Tem, sem sucesso.
Nas redes sociais, muitas reclamações sobre o aplicativo mostram a reprodução da tela: “não é possível acessar este site”. A ferramenta é a única forma de acesso às poupanças digitais criadas pela Caixa para quem não possui conta em banco receber o benefício.
— Meu dinheiro já está na conta do Caixa Tem, mas eu não consigo abrir o aplicativo. Consegui apenas de madrugada, às 4h, mas nesse horário ele não permitiu transferir o dinheiro — conta Iago.
Esta semana, a Caixa explicou, por nota, que o problema de instabilidade no Caixa Tem se deve ao grande número de acessos. Segundo o banco, nos últimos dias, foram registrados mais de 200 mil usuários simultâneos no app, e a expectativa é que chegue a 500 mil.