Economia

Após perdas, empresários relatam expectativa para retomada do setor de eventos em AL

Mesmo clientes optando por adiar festas, alguns prejuízos chegam a meio milhão

Por Gazetaweb.com 02/08/2020 09h09
Após perdas, empresários relatam expectativa para retomada do setor de eventos em AL
Imagem ilustrativa. Foto: reprodução.

A pandemia do novo coronavírus acabou, literalmente, com a festa de muitas pessoas. O setor de eventos, um dos segmentos que parecia imune a crises, é, hoje, um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Mesmo com o retorno gradual à normalidade em Maceió, é um dos poucos que permanecem proibidos de funcionar na capital alagoana.

Isso porque o beijo na hora do sim, os abraços de felicitações, o salão lotado e, até mesmo, a fila para servir-se no bufê podem ser situações oportunas para a transmissão do vírus.

Em entrevista à Gazeta de Alagoas, empresários que compõem esse setor falaram sobre as perdas e expectativas. Para o decorador João Curvelo, a perspectiva de segurança para grandes eventos é apenas para depois da chegada da vacina. Faz oito anos que ele atua no mercado de eventos e conta que essa é a primeira vez que algo assim acontece. 

"Creio que para pessoas que trabalham há muito mais tempo também. É um momento muito difícil para nós, a classe precisa de ajuda. Estamos a realizar sonhos e entretenimento a todo tempo, e é isso que gostamos de fazer, mas é necessário ajuda para o setor, muitas pessoas estão passando necessidade, é muito triste", desabafa.

Das festas diárias ao vazio do salão, o prejuízo da empresária Cristiane Rodrigues Lima, proprietária de um salão de festas, já chega perto de meio milhão de reais.

"De março até o final de julho, pelo menos 170 comemorações tiveram que ser renegociadas. Desses clientes, somente 30 optaram por cancelar o evento. Perdemos quase R$ 500 mil. E essa é uma estimativa que faço por alto, acredito que a perda é maior", detalha.

A empresária conta que, no começo, deu uma parada e aproveitou para tirar férias também. Mas aí as coisas foram apertando. 

"A única opção que a gente tinha era fazer festas menores nas casas. Mas, mesmo assim, as pessoas ainda tinham medo. E, mesmo assim, essa alternativa é só para não fechar as portas, porque não dá lucro", revela.

Cristiane Rodrigues diz esperar um possível retorno entre o final de agosto e o começo de setembro. "E teremos que voltar com algum tipo de promoção, porque está todo mundo sem fazer evento, então todo mundo vai querer fazer alguma coisa. Mas a gente espera voltar em setembro, se Deus quiser", afirma.

Ela comemora o fato de que a quantidade de festas que precisou cancelar foi pequena. "Graças a Deus, nossos clientes viram amigos. A gente conversa, explica, e a maioria entende. A alternativa foi remarcar para o próximo ano. O que é complicado marcar para o próximo ano, porque ocupa as datas do ano que vem", explica.

Ainda assim, Cristiane Rodrigues alimenta a esperança de que o retorno das atividades do setor em Alagoas será pujante. "Eu acho que vai ser muito bom. Acho não, eu tenho certeza que o retorno será muito bom. O alagoano é muito festeiro, e todo mundo quer fazer festa, gosta de festa. Quando isso acabar, o retorno será de alegria dobrada", declara.

No mercado há 25 anos, a empresária diz que nunca imaginou passar por uma crise dessas. "Acho que nunca passou pela cabeça de ninguém que trabalha com eventos. O setor nunca está em baixa, nenhuma outra crise afetou o setor, até chegar essa pandemia", conta.

Pandemia afetou 98% do setor de eventos, diz Sebrae

Levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que a pandemia afetou 98% do setor de eventos. Segundo o estudo, para tentar amenizar os efeitos da crise, empresários tentam negociar prazos: 34% devolveram o dinheiro para o contratante, mas 35% deles conseguiram negociar crédito para utilizar futuramente.

A pesquisa ouviu prestadores de serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas, além de profissionais cujos trabalhos envolvem aluguel de estruturas, como palcos, estandes, iluminação, som, bem como serviços de filmagens, produção fotográfica, bufê de festas, decoração, assessoria cerimonial, seguranças, transporte, agência e operadora de turismo, dentre outros.

De acordo com os números, 30,1% dos empresários estão aprimorando a gestão. Outra preocupação, também, é o relacionamento com o mercado: 25,2% dos entrevistados estão fortalecendo essa relação.

Em entrevista ao Portal de notícias G1, o presidente da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), Ricardo Dias, revelou que o setor teve queda de mais de 90% nos serviços e perda de faturamento desses profissionais da área. O setor, segundo ele, movimentava cerca de R$ 250 bilhões no país e empregava 6 milhões de trabalhadores diretos e indiretos.

Os dados da Associação mostram que 93% dos eventos sociais e corporativos foram adiados e 7% cancelados. "Antes da pandemia, o setor voltava a crescer. De repente, desligaram os motores. Tem muita gente passando fome. Agora, estamos focados nos protocolos de segurança que deverão ser seguidos quando as coisas começarem a se normalizar", acrescentou Dias, em entrevista ao G1.