Economia
Vendas no comércio varejista crescem 8% em junho
Setor é o primeiro a se recuperar das perdas da pandemia
As vendas no comércio varejista subiram 8% em junho na comparação com o mês anterior, mostra Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira. Foi o segundo mês consecutivo de alta na comparação mensal, após as quedas históricas registradas em março e abril.
O setor é o primeiro a se recuperar das perdas das pandemia no varejo. Hoje, o nível de vendas é o mesmo de fevereiro, antes dos efeitos da Covid-19 serem sentidos mais drasticamente na economia.
A retomada foi influenciada pelo aquecimento dos serviços essenciais. Das oito atividades que compõem o varejo restrito, apenas três recuperaram o nível antes da pandemia: hipermercados e artigos farmacêuticos, ligados aos bens consumidos na pandemia, e a venda de móveis e eletrodomésticos.
— É uma recuperação rápida, mas que não foi homogênea — ressalta Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE — Uma recuperação não totalmente distribuída, concentrada nas atividades de uma atividade essencial que não caiu (supermercado).
Apesar de desigual e ancorado em poucos setores, o número sinaliza um movimento de recuperação da economia e surpreendeu positivamente os analista do mercado financeiro. Economistas ouvidos pela Reuters estimavam uma alta de 5,4% para o período.
Fatores como o processo de flexibilização do isolamento social em praticamente todo o país e o auxílio emergencial influenciaram no bom desempenho do comércio em junho. Vários comércios reabriram no período, aproveitando o aumento do fluxo de pessoas nas ruas.
Todas as atividades pesquisadas registraram crescimento na comparação com maio, com exceção de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, atividade que teve queda de 2,7% frente a maio. As vendas, por sua fez foram disseminadas em todo o país, avançando em 24 estados.
— Os resultados positivos eram esperados porque viemos de uma base de comparação muito baixa, que foi o mês de abril (-17%). Esse crescimento, então, foi praticamente generalizado, distribuído em quase todas as atividades — explica Santos.
Apesar do respiro nos últimos dois meses, os três meses encerrados em junho marcaram o pior momento do comércio desde o início da pesquisa. O varejo fechou o segundo trimestre com uma retração de 7,8%, frente os primeiros três meses do ano, influenciado pelas medidas de isolamento social para contenção da pandemia de Covid-19.
Economistas dão como certo o crescimento da economia no terceiro trimestre deste ano, na comparação os três meses encerrados em junho, diante da base de comparação frágil.
A dúvida está sobre quando o país irá crescer de modo sustentável. A alta no desemprego, junto com a queda na renda disponível da economia podem minar a recuperação da economia principalmente no quatro trimestre, quando espera-se que a economia esteja próxima da normalidade. Com menos recursos disponíveis, menos consumo.
Além disso, o fim do auxílio emergencial de R$ 600 e das medidas adotadas do governo para diminuir a queda da economia podem influenciar na recuperação. O setor hoje contribui com cerca de dois terços da produção econômica total do país.