Economia
Comércio de Alagoas ainda sofre com prejuízos
Previsão é que comerciantes saiam do vermelho até janeiro
Um mês e meio de reabertura econômica em Alagoas só foi suficiente para iniciar o lento processo de recuperação do comércio e serviços, setores que foram bem castigados pelos efeitos nocivos da pandemia do novo coronavírus. A expectativa destes segmentos, com a retomada gradual das atividades, era a volta do faturamento, mas a receita atual ainda está distante do cenário anterior ao período de calamidade pública.
A Aliança Comercial de Maceió mantém a previsão de até janeiro os comerciantes saírem do vermelho e, enfim, respirarem aliviados. Até lá, o trabalho deve ser duro e com várias nuances, apesar de sinais de sobrevida já serem notados por quem atua nesta área. "Estamos com recuperação lenta, mas diria que acima do esperado. Nossa sorte foi a ajuda do Governo Federal, que, além de ajudar as pessoas que têm direito, fez com que o dinheiro circulasse, colaborando muito com o comércio", destacou o presidente da Aliança, Guido Júnior.
Ele acrescentou que Alagoas carece, agora mais do que nunca, de um programa de incentivo para atração de empresas que gerem empregos. O presidente da Fecomércio/AL [Federação do Comércio do Estado de Alagoas], Gilton Lima, analisa que o faturamento registrado após a flexibilização é traduzido, por enquanto, na recuperação do prejuízo para muitos setores do comércio.
Ele cita dados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) revelando que os ramos de calçados e vestuário continuam apresentando queda na comparação anual, enquanto os de tecidos, aviamentos e material de construção vêm apresentando alta mesmo no período de isolamento social.
Outros setores, como supermercados e farmácias, não sentiram os efeitos da quarentena. A direção da Fecomércio também faz menção às medidas adotadas pelo Governo Federal, como o auxílio emergencial e a possibilidade de redução da carga horária dos trabalhadores e dos custos das empresas, como importantes aliadas na manutenção do comércio.
"E, claro, com o Pronampe [Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte], que, mesmo surgindo um pouco mais tarde do que previsto, é essencial para retomada dos negócios nos próximos meses, garantindo capital de giro e empréstimos para novos investimentos", ressalta.
Gilton Lima avalia como necessária e positiva a mudança de faixas na capital e no interior, dentro do que preconiza o protocolo de distanciamento social controlado. "Os dados sobre a Covid-19, em Alagoas, apontam taxa de contágio reduzida. As empresas investem em acessórios que evitem contágio e em produtos sanitizantes. A reabertura gradual é um estímulo aos consumidores e, aos poucos, eles retornam aos espaços de consumo".
Do ponto de vista econômico e financeiro seria interessante, na opinião de Kennedy Calheiros, presidente da Associação Comercial, a abertura de créditos para que as empresas possam alongar o perfil de suas dívidas contraídas durante a pandemia e para que o empreendedor possa se manter ativo. "Houve demissões, perdas de estoque, prejuízos dos mais variados e a conta chegou. Por isso, a necessidade de auxiliar neste processo de retomada".
De acordo com ele, a Associação Comercial discutiu a liberação dessas linhas de crédito com o Banco do Brasil, Caixa Econômica e Banco do Nordeste, que é quem está mais adiantado neste processo. Calheiros lembra que houve liberação do Governo Federal, mas os recursos foram insuficientes.
"E, por isso, estamos cobrando novamente que o Governo Federal, que faz uma boa gestão da crise, socorra as empresas em Alagoas, no Nordeste e no restante do Brasil". "Também pedimos que o Governo do Estado, através da Desenvolve, auxilie neste socorro para que pequenas e médias empresas consigam sobreviver a este período, mas até a vacina não sair vamos ficar aguardando, especialmente a que vem de Oxford, que está em um estágio avançado de desenvolvimento, cumprindo todas as regras necessárias para disposição mundial", completa.