Economia
Dólar bate em R$ 5,79, mas BC reduz alta
Alta procura por dólares, faz a moeda subir
O dólar comercial chegava a subir quase 2% na manhã de hoje (28), encostando em R$ 5,79. O Banco Central interveio para tentar conter a alta e, por volta das 13h05, a moeda norte-americana subia 1,11%, negociada a R$ 5,745 na venda. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, operava em queda de 3,02%, a 96.601,30 pontos.
Ontem (27), o dólar subiu 1,25%, fechando a R$ 5,682 na venda, e a Bolsa caiu 1,4%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Segundo especialistas, os investidores estão comprando dólar em busca de segurança, em meio à forte disseminação da covid-19 em grandes economias e à aproximação da eleição norte-americana. Com maior procura por dólares, a moeda sobe.
As Bolsas dos Estados Unidos e da Europa também operavam em forte queda hoje.
Além disso, o mercado espera a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a taxa básica de juros, a Selic.
BC intervém para conter alta
O Banco Central anunciou para esta sessão leilão de swap tradicional para rolagem de até 12 mil contratos com vencimento em abril e agosto de 2021.
Por volta das 10h, o BC confirmou que vendeu US$ 1,042 bilhão à vista.
Segundo Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora, o BC tem apresentado estratégias pouco eficientes de intervenção no mercado de câmbio, evitando adoção de medidas como a venda de novos swaps para não passar uma imagem de preocupação com o cenário.
Em relação ao leilão à vista deste pregão, Nehme opinou que "é só uma sinalização de que o BC está atento. Você só age com o mercado a vista quando há um fluxo muito negativo."
Nova onda de contaminação alerta investidores
A Comissão Europeia propôs nesta quarta-feira uma série de medidas novas para combater a pandemia de covid-19 na União Europeia, dizendo que o novo pico de infecções no continente é "alarmante".
Agora que a Europa voltou a ser o epicentro mundial da pandemia, o Executivo da UE convocou os 27 governos do bloco a fazerem mais, e de maneira mais coordenada, contra o vírus.
Entre os investidores, o principal temor diante de uma segunda onda da doença é a reimposição de lockdowns nas principais economias, que poderia minar uma frágil recuperação global diante do tombo causado pela pandemia. A França e a Alemanha, duas gigantes europeias, já consideravam a adoção de novas restrições à atividade.
Eleições nos EUA
Nos Estados Unidos, o cenário continuava nebuloso antes das acirradas eleições presidenciais, disputadas pelo atual presidente, Donald Trump, e seu adversário democrata, Joe Biden.
Enquanto isso, a Casa Branca e o Congresso norte-americano continuam sem um acordo para mais medidas de auxílio fiscal, consideradas essenciais para a recuperação do emprego e da atividade empresarial nos EUA.
Decisão sobre juros
Por aqui, o foco dos investidores brasileiros recaía sobre a reunião do Copom, que será concluída nesta quarta-feira, após o fechamento dos mercados domésticos. A expectativa é de que o Copom mantenha a taxa Selic em sua mínima histórica de 2%.
O patamar extremamente baixo da taxa básica de juros tem sido apontado como um dos principais fatores para a desvalorização do real no ano de 2020, uma vez que afeta a rentabilidade de ativos locais atrelados à Selic. Um cenário fiscal e econômico incerto tem aprofundado ainda mais as preocupações domésticas.
"Percebemos que o Brasil saiu do radar do exterior já há algum tempo. Não temos juros, não temos perspectiva de crescimento de médio prazo factível", disse à agência de notícias Reuters Italo Abucater, gerente de câmbio da Tullett Prebon. "A 'cereja do bolo' é o Copom, com sinais de que não haverá aumento de juros tão cedo."