Economia
Desemprego chega a 14,4%, maior taxa desde 2012, e atinge 13,8 milhões
A flexibilização das medidas de isolamento social fez com que mais pessoas passassem a procurar emprego no Brasil. Com isso, a taxa de desemprego subiu para 14,4%, no trimestre encerrado em agosto, a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012. No total o país tem 13,8 milhões de pessoas na fila do desemprego.
Os dados foram divulgados hoje e fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na comparação com o trimestre anterior, houve aumento de 1,6 ponto percentual (12,9%). Já em comparação com o mesmo trimestre de 2019, são 2,6 pontos percentuais a mais (11,8%).
Na última quinta (29), o governo comemorou os dados de emprego do Caged de setembro, com saldo positivo de 314 mil vagas, o melhor resultado para o mês em 29 anos. Porém, esses números consideram apenas empregos com carteira assinada, enquanto a pesquisa do IBGE divulgada hoje leva em consideração o mercado de trabalho amplo, incluindo informais.
Mais pessoas procurando emprego
De acordo com a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, analista da pesquisa do IBGE, explicou que, no trimestre anterior, as pessoas perdiam seus empregos, mas não pressionavam a estatística de desocupação porque as medidas de isolamento mantinham muitas delas fora do mercado de trabalho.
Segundo Adriana Beringuy, analista do IBGE, esse aumento da taxa está relacionado ao crescimento do número de pessoas que estavam procurando trabalho. No meio do ano, havia um isolamento maior, com maiores restrições no comércio, e muitas pessoas tinham parado de procurar trabalho por causa desse contexto.
"O cenário que temos agora é da queda da ocupação em paralelo com o aumento da desocupação. As pessoas continuam sendo dispensadas, mas essa perda da ocupação está sendo acompanhada por uma maior pressão no mercado", afirmou.
Recordes negativos
A população ocupada recuou para 81,7 milhões, o menor contingente da série. Houve uma queda de 5% (menos 4,3 milhões de pessoas) em relação ao trimestre anterior, e 12,8% (menos 12 milhões) frente ao período de maio a julho de 2019. O nível de ocupação também foi o mais baixo da série, atingindo 46,8%, caindo 2,7 pontos frente ao trimestre anterior e 7,9 pontos contra o mesmo trimestre de 2019.
Já a população fora da força de trabalho atingiu o recorde da série e chegou a 79,1 milhões de pessoas —são 4,2 milhões a mais em comparação ao trimestre anterior e mais 14,2 milhões frente ao mesmo trimestre de 2019.
5,9 milhões desistiram de procurar emprego
O contingente de pessoas desalentadas —que não buscaram trabalho, mas gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis— também atingiu recorde e agora soma 5,9 milhões. A alta foi de 8,1% (mais 440 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e 24,2% (mais 1,1 milhão de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.
O desalento leva em conta pessoas que estavam disponíveis para trabalhar, mas que não tomaram providência para conseguir trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa, porque acreditavam que não conseguiriam. Inclui também o trabalhador que se considera desqualificado, muito jovem ou idoso demais para achar uma ocupação.
Informalidade aumentou no trimestre
A taxa de informalidade chegou a 38% da população ocupada (o equivalente a 31 milhões de trabalhadores informais). No trimestre anterior, a taxa fora de 37,6% e, no mesmo trimestre de 2019, de 41,4%.
No menor patamar da série histórica, o número de trabalhadores domésticos chegou a 4,6 milhões de pessoas, queda de 9,4% (ou 473 mil pessoas) frente ao trimestre anterior, e de 27,5% (ou 1,7 milhão de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.