Economia

Webinar sobre ecossistemas acontece até o fim do mês no MCZ Play 2020

Durante o evento, o empreendedor Felipe Matos falou sobre o tema com a experiência de quem já liderou iniciativas que apoiaram mais de 10 mil startups e geraram mais de R$ 600 milhões em investimentos

Por Kelmenn Freitas com Savannah Comunicação Corporativa 19/11/2020 12h12
Webinar sobre ecossistemas acontece até o fim do mês no MCZ Play 2020
Foto: ascom sebrae

O empreendedor Felipe Matos, fundador da aceleradora Startup Farm e do grupo Instituto Inovação, abriu o segundo dia de eventos do MCZ Play 2020, realizado pelo Sebrae em Alagoas e com programação até o próximo dia 24 de novembro. Com mais de 22 anos de experiência na área do empreendedorismo tecnológico, Matos ministrou a palestra online "Ecossistemas de Inovação - passado, presente e futuro", onde pontuou os vários elementos necessários para que um ambiente de inovação possa prosperar.

Durante o webinar, Felipe Matos falou com a experiência de quem já liderou iniciativas que apoiaram mais de 10 mil startups e geraram mais de R$ 600 milhões em investimentos. Segundo ele, sete frentes devem ser observadas num ecossistema saudável de inovação: talento, cultura, densidade, ambiente regulatório, acesso a mercado, diversidade de impacto e capital.

“São vários elementos que um ecossistema precisa ter para que a inovação aconteça de forma favorável. O primeiro deles é talento. Gente talentosa, gente qualificada, que tenha a capacidade de desenvolver a inovação. Eu preciso de gestores, desenvolvedores, gente que entenda de tecnologia, que entenda de vendas, ou seja, talento para tudo acontecer”, destaca. “É preciso também cultura. A gente sabe que os elementos da cultura vão tornar o ambiente mais ou menos favorável à inovação”, completa.

Quanto ao fator densidade, ele destaca que tem a ver com o aspecto físico mesmo, ou seja, a presença de muitos agentes de inovação num mesmo espaço. “Quanto mais denso é o ecossistema, ou seja, mais startups e agentes de inovação eu tenho dentro de um mesmo espaço, mais interação acontece entre esses agentes. E a tendência é mais ainda o ecossistema se desenvolver. Essa densidade pode ser vista tanto de uma forma macro, ou seja, startups por habitante dentro de uma cidade, ou ainda de uma forma micro, como um edifício de inovação, de incubadoras, ou seja, um espaço físico que reúna muitos desses agentes num lugar só”, revela.

O ambiente regulatório é um dos mais complexos porque envolve certa sintonia entre poder público e iniciativa privada. Isso porque as leis e regulações transitam no mesmo ambiente de criação e podem facilitar ou dificultar o processo de inovação dos empreendedores. Felipe Matos cita como exemplo, aqui no Brasil, a abertura das chamadas fintechs.

“A gente tem acompanhado o desenvolvimento do ecossistema de fintechs no Brasil, as empresas de financiamento, os bancos digitais. Isso só está sendo possível porque o órgão regulador, o Banco Central, está criando regulações mais modernas e que permitem o desenvolvimento dessas inovações. Poderia ser o contrário. Se a gente tivesse um órgão regulador avesso à inovação, ele poderia favorecer o ambiente atual e criar regras que impedissem novos entrantes participar desse mercado”, destaca.

“Vai desde regulações específicas, como esse exemplo do Banco Central, até regulações mais gerais. A facilidade ou dificuldade para se abrir e criar empresas, pagar impostos, contratar e receber investimentos, enfim, para fazer negócios de maneira geral”, diz.

Acessibilidade

Acesso a mercado também é outro ponto importante a ser observado. Não adianta ter um ecossistema cheio de bons ingredientes, amplamente preparado, se não existir formas de acessar o mercado. “A gente vê, por exemplo, ecossistemas de cidades pequenas ou mesmo países pequenos que às vezes tem talento, tem capital, mas tem um mercado interno muito pequeno. E o desafio deles é criar formas de exportar e conseguir acessar mercados para fazer as suas empresas crescerem”, lembra.

Felipe Matos cita Israel como exemplo para esse cenário: um país muito pequeno, com uma população muito pequena, mas que conseguiu desenvolver muita inovação e escoar essa mesma inovação por meio do desenvolvimento de vários mecanismos para acessar mercados internacionais. “Isso vale tanto para Israel como para cidades que também precisam criar formas de acessar vários mercados”, diz.

A diversidade de pessoas - em termos de gênero, condição social, raça, etnia e orientações - ajuda a dar corpo a outra frente do ecossistema de inovação: a diversidade de impacto. “Eu falo isso porque a diversidade gera diferentes pontos de vista, o que é um ingrediente fundamental para a inovação. Se numa empresa eu tenho, na área de desenvolvimento, muitas pessoas parecidas, elas provavelmente vão ter visões de mundo e experiências de vida muito parecidas, e a capacidade de gerar soluções inovadoras fica reduzida”, alerta o empreendedor.

Por outro lado, se existe um ecossistema mais diverso, com uma multiplicidade de pontos de vista, por exemplo, há um aumento da riqueza da inovação. “Já existe uma série de estudos que mostram que ambientes, empresas e ecossistemas mais diversos inovam mais e, consequentemente, tem resultados melhores. Então, a gente precisa olhar não só do ponto de vista de justiça social, de que é a coisa certa a se fazer, do ponto de vista de representatividade, mas também atentar para a saudabilidade, ou seja, ter um ecossistema saudável e diverso, para explorar ao máximo o seu potencial”, atenta Matos.

Por fim, o especialista em empreendedorismo cita o capital como base para que todas as demais frentes possam fluir e garantir a dinâmica de funcionamento do ecossistema de inovação. “A gente precisa de capital de investimento para a construção dessas empresas. Especialmente as empresas inovadoras, as tecnológicas, que vão exigir um investimento financeiro inicial importante. É preciso correr os riscos da inovação. Muitas vezes é um investimento que dá errado até que se comece a dar certo, e que também leva tempo para que as tecnologias sejam desenvolvidas e cheguem até o mercado”, avisa.

Durante o webinar, Felipe Matos pontuou alguns casos internacionais de boas práticas de inovação, como o Vale do Silício e Israel, Waterloo, Blackberry e Nokia, a Estônia e a digitalização, e o Marco Legal das startups italianas. O conteúdo da apresentação pode ser baixado no link https://airtable.com/shrkwhFqBHHQlQe24