Economia
Vacinação é mais barata do que prolongar auxílio, diz Banco Central
Segundo o presidente da autarquia, aumento do número de casos deve resultar em crise na economia
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (15) que é mais barato o governo focar em fechar acordos para vacinar a população contra a Covid-19 do que prolongar o auxílio emergencial.
"O Brasil está fechando novos acordos para conseguir a vacina. Agora é uma corrida para ver quem tem a vacina mais cedo, como pode fechar a logística de distribuição. Isso muda todos os dias, mas eu acho que investir na vacina agora é mais barato do que prolongar as transferências diretas, e planos como esses. Estamos concentrando nisso e é o que o mercado está focando", declarou ele, em fórum com investidores internacionais.
O governo tem indicado que não prolongará o auxílio emergencial em 2021. Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, há algumas parcelas a serem pagas à população no começo do ano que vem, mas relativas ao benefício aprovado neste ano.
A área econômica tem dado sinais de que esses serão os últimos pagamentos do benefício. Porém, há iniciativas no Congresso Nacional para estender a ajuda por mais alguns meses.
De acordo com o presidente do Banco Central, na maior parte dos países da Europa, assim como no Brasil, está havendo redução da mobilidade por conta do aumento da contaminação pelo novo coronavírus nas últimas semanas.
"A questão que aparece é qual o impacto que vai ter o crescimento do [PIB no] primeiro trimestre. O mercado estava no estágio de deixar de falar dos incentivos e falar mais na dinâmica das vacinas. A questão é como isso vai se desenvolver, uma vez que você vê um número maior de casos e restrição da mobilidade, que vai causar, de alguma forma, uma desaceleração da atividade no primeiro trimestre", afirmou.
A estimativa do governo para o pagamento do auxílio emergencial é de R$ 321 bilhões, representando o maior gasto do pacote de combate à pandemia do novo coronavírus.
Embora o benefício tenha previsão para terminar em 2020, Guedes explicou recentemente que algumas parcelas da programação deverão ser pagas somente em 2021. Ao mesmo tempo, as despesas previstas com a vacinação da população estão estimadas em até R$ 25 bilhões.
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira, o Banco Central alertou, novamente, que o prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que piore a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco (taxa de juros paga aos investidores).
Esse também é um dos fatores considerados pelo BC que podem levar ao aumento da taxa básica de juros da economia, atualmente na mínima histórica de 2% ao ano, ao longo de 2021.
Na conferência com investidores estrangeiros, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, observou que está havendo um aumento da chamada "liquidez mundial", ou seja, dos recursos disponíveis para investimentos tanto em portfólio (ações e títulos de renda fixa), quanto para o setor produtivo.
"Se dermos a mensagem correta, de que temos disciplina fiscal, a quantidade de dinheiro vai ingressar vai ajudar a criar esse ambiente de geração de empregos, crescimento, e vai aumentar a arrecadação, nos levando mais rápido a convergência para um melhor fiscal [contas públicas]. Pensamos que temos de entrar nesse ciclo virtuoso, e, para isso, é preciso credibilidade, que está ligado ao fiscal. Por isso tenho enfatizado o ponto da disciplina fiscal", afirmou.