Economia

Após intervenção de Bolsonaro, Bovespa e Petrobrás fecham em queda

Petrobras perdeu em poucas horas nesta segunda-feira mais de R$ 72 bilhões em valor de mercado

Por Redação com G1 22/02/2021 18h06
Após intervenção de Bolsonaro, Bovespa e Petrobrás fecham em queda

A bolsa de valores brasileira, a B3, opera em forte queda nesta segunda-feira (22), após o presidente Jair Bolsonaro ter anunciado na noite de sexta-feira a indicação de um novo presidente-executivo para a Petrobras e com agentes financeiros enxergando aumento relevante de risco de ingerência governamental nas demais estatais.

Às 18h, o Ibovespa caía 4,76%, a 112.787 pontos. Na mínima do dia, o índice foi a 111.650 pontos. A principal pressão no índice vem do tombo nos papéis da Petrobras. As ações ordinárias (PETR3) derretiam 19,41%, a R$ 21,84, e as preferenciais (PETR4) tinham baixa de 19,83%, a R$ 21,91. A empresa tem peso de 10,27% no Ibovespa.

Na bolsa de Nova York, a Nyse, o tombo era semelhante. As ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras recuaram 20,25%.

Segundo levantamento da Economatica, com o tombo nas cotações, a Petrobras perdeu em poucas horas nesta segunda-feira mais de R$ 72 bilhões em valor de mercado. Na sexta-feira, a petroleira já tinha encolhido R$ 28 bilhões.

Os temores se estendem à intervenção do governo federal na política de preços do setor de energia e na gestão de estatais. Além da petroleira, o Banco do Brasil acumulou perda expressiva. A Eletrobras começou o dia em queda, mas se recuperou.

- Banco do Brasil (BBAS3): -11,06%

- Eletrobras (ELET3): 0,24%

- Eletrobras (ELET6): 0,14%

- Petrobras (PETR3): -20,18%

- Petrobras (PETR4): -21,08%

Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 0,64%, a 118.420 pontos, acumulando baixa de 0,84% na semana. Na parcial do mês até sexta, o índice acumulou avanço de 2,92%. No ano, a queda estava em 0,49%.

O dólar também teve dia turbulento. A moeda norte-americana teve alta de 1,26%, a R$ 5,4554.

Cenário

Na noite de sexta-feira, Bolsonaro anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional, para a presidência da Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco, gerando muitas críticas. Para que a troca na presidência da Petrobras seja concretizada, a indicação ainda precisa do aval do Conselho de Administração da Petrobras, que tem reunião prevista para esta terça-feira (23).

No sábado, Bolsonaro disse que precisa "trocar as peças que porventura não estejam funcionando". E que, "na semana que vem, teremos mais", sem dar mais detalhes. Bolsonaro também disse no sábado que vai "meter o dedo na energia elétrica", e que, se a imprensa está preocupada com a troca, "na semana que vem teremos mais".

A decisão de Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras repercutiu negativamente entre investidores, com vários analistas cortando a recomendação dos papéis, bem como reduzindo preços-alvo. A XP Investimentos, por exemplo, cortou a recomendação para os papéis da Petrobras de "neutro" para "venda" no domingo, em relatório sob o título "Não há mais como defender".