Economia
Endividamento volta a crescer em Maceió, após meses em queda
Percentual de famílias endividadas em Maceió chegou a 62% no mês de junho, mostra pesquisa da Fecomércio AL
Após apresentar quedas seguidas no início do ano, o percentual de famílias endividadas em Maceió aumentou pelo segundo mês seguido e, em junho, chegou a 62%, voltando ao patamar médio do início do ano. Na comparação mensal, em termos absolutos, são quase 9 mil pessoas a mais com dívidas, saindo de 180.668 para 189.333 maceioenses. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (24), integram a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pelo Instituto Fecomércio AL em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (CNC).
De abril, último mês de queda, a junho, houve um acréscimo de 5,76% no percentual de endividados. Isso porque, a partir de maio, houve aumento no uso de cartão de crédito e na utilização de carnês, chegando a uma média 2,75%, quando somado ao desempenho de junho.
Para o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL), Victor Hortencio, a elevação do endividamento reflete o retorno do Auxílio Emergencial. “Ainda que em valores menores comparados aos de 2020, o auxílio impacta positivamente na economia, pois estimula a retomada do consumo, mesmo que a maior parte deste seja de itens considerados essenciais, como os alimentos”, avalia.
O economista aponta o avanço da vacinação como outro fator de estímulo ao consumo, uma vez que as pessoas vacinadas se sentem mais seguras para irem a ambientes de maior circulação, como os shoppings, restaurantes e supermercados. Além disso, o próprio Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) tem reflexo nesse aumento. “O BEm traz liquidez ao empresário e relativa segurança aos trabalhadores formais, pois ter um contrato reduzido ou temporariamente suspenso é menos danoso do que uma demissão e mantém estes trabalhadores numa margem possível de consumo. Por sua vez, os empresários, com uma folha de pagamento menor, podem renovar estoques ou realizar melhorias em seus estabelecimentos, por exemplo”, fala Victor.
Outros dados
Entre as formas de endividamento, o cartão de crédito permanece como o principal fator gerador de dívidas, sendo a preferência de 96,8% dos consumidores da capital. Em crescimento contínuo desde janeiro, os carnês ocupam o segundo lugar com 22,2%, seguidos do financiamento de carros, contratado por 4,9% dos maceioenses.
É importante destacar que todos os indicadores de endividamento (total de endividados, endividados com contas em atraso e não tem condições de pagar) cresceram entre os meses de abril e junho. Assim como o número geral dos endividados cresceu em quase 9 mil pessoas, movimento semelhante aconteceu com o volume de inadimplentes, que saltou de 47.159 pessoas, em maio, para 51.010, em junho; um aumento de quase 4 mil inadimplentes em um mês, o que significa um incremento percentual de 8%.
Numa comparação anual, o número de endividados com contas em atraso, houve uma diminuição de 44,5%: se em junho de 2020 o número absoluto de inadimplentes era 91 mil pessoas, em 2021 chega a 51 mil consumidores.
Mesmo com essa modesta alta nos percentuais de endividamento no final do primeiro semestre, numa perspectiva anual, os indicadores de endividamento e inadimplência ainda mostram um panorama de redução significativo nos últimos 12 meses, ficando abaixo dos registrados em 2020.
O tempo de comprometimento com dívidas está entre 3 e 6 meses, gerando um comprometimento médio de 29,5% da renda durante os meses de parcelamento. Em termos gerais, os indicadores demonstram uma leve recuperação econômica em Maceió. “Isso se deve ao fato de que o nível de endividamento tem uma ligação estreita com oscilações no nível de consumo, pois a grande maioria dos consumidores adquirem bens e serviços se endividando, o que é saudável e normal, desde que não comprometa mais de 30% da renda”, avalia o economista.