Economia

Inflação fará salário mínimo ter maior alta em 6 anos, mas sem ganho real

Se a inflação de 7% se confirmar, o valor do mínimo chegará a R$ 1.177 no próximo ano

Por Redação com UOL 01/08/2021 16h04
Inflação fará salário mínimo ter maior alta em 6 anos, mas sem ganho real
Salário mínimo em 2022 terá o maior reajuste desde 2016 - Foto: Reprodução

Com a inflação em alta e próxima de 7%, o salário mínimo em 2022 terá o maior reajuste desde 2016. Naquele ano, a correção foi de 11,6%. O aumento, entretanto, não prevê ganhos reais para os trabalhadores. Isso quer dizer que essa alta não compensa a perda que o mínimo teve com a inflação. O poder de compra continuará igual, sem conseguir comprar coisas a mais. Se o preço de alguns produtos subir muito, vai comprar menos ainda, mesmo com o valor reajustado.

Além disso, esse reajuste só é concedido porque a Constituição determina uma revisão periódica para preservar o poder de compra dos assalariados. Se a inflação de 7% se confirmar, o valor do mínimo chegará a R$ 1.177 no próximo ano.

Os últimos reajustes concedidos pelo governo foram de:


2016: 11,6% (R$ 880)

2017: 6,48% (R$ 937)

2018: 1,81% (R$ 954)

2019: 4,61% (R$ 998)

2020: 4,7% (R$ 1.045)

2021: 5,22% (R$ 1.100)

O governo tem de enviar ao Congresso, até 31 de agosto, o Ploa (Projeto de Lei Orçamentária Anual) e apresentar a segunda estimativa de reajuste do salário mínimo. A primeira, enviada ao Legislativo com o PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias), projetava alta de 4,3%, passando dos atuais R$ 1.100 para R$ 1.147.

A última projeção oficial divulgada em 14 de julho pelo governo para um reajuste do salário mínimo é de 6,2%. Com isso, o valor chegaria a R$ 1.168,20. Com as projeções mais próximas de 7%, iria a R$ 1.177.

Sem aumento real no governo Bolsonaro


Neste ano, o governo Bolsonaro reajustou o salário mínimo abaixo da inflação. Em 1º de janeiro de 2021, o salário mínimo subiu de R$ 1.045 para 1.100. Mas para dar conta da inflação acumulada no ano passado, o salário mínimo deveria ser R$ 2 maior e ter chegado a R$ 1.102, respeitando a regra da Constituição que determina um reajuste periódico para preservar o poder de compra.

Como o novo salário mínimo foi definido antes da inflação consolidada do ano anterior, divulgada em 12 de janeiro, é normal que haja uma pequena diferença. O mesmo aconteceu em 2020, mas o governo corrigiu o valor antes da chegada de fevereiro.

O governo não subiu o mínimo de novo neste ano, para repor os R$ 2, e havia expectativa de que poderia fazê-lo no salário mínimo de 2022. Mas o PLDO não incluiu esses R$ 2 e não há previsão de que esse valor seja acrescido no reajuste previsto na PLOA, segundo técnicos da equipe econômica.

Política de ganho real acabou em 2020


Desde 2020, o salário mínimo é reajustado apenas pela inflação, para não perder poder de compra, como determina a Constituição.

De 2007 a 2019, a lei garantia que o piso nacional tivesse aumento real, acima da inflação, sempre que houvesse crescimento econômico, dentro da política de valorização do salário mínimo das gestões petistas.

Essa fórmula de cálculo levava em conta a inflação do ano anterior, medida pelo INPC, mais o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes. Sem essa lei, o governo Jair Bolsonaro decidiu apenas repor as perdas.