Economia
Confiança dos empreendedores das micro e pequenas empresas registra melhor patamar em oito anos
Foram calculados o ISA e o IE da indústria, comércio e serviços, incluindo ainda uma análise dos aspectos relativos ao acesso a crédito, às expectativas de contratação e ampliação de investimentos
A confiança dos empreendedores das micro e pequenas empresas alcançou o melhor patamar desde dezembro de 2013, cravando 100,2 pontos numa escala que vai até 200 pontos, como mostra a edição mais recente do Boletim de Sondagem Econômica realizado pelo Sebrae e Fundação Getúlio Vargas (FGV). Nos últimos oito anos, o pior momento foi registrado em abril de 2020, quanto o índice chegou a 52,2 pontos, no auge da pandemia de Covid-19.
O Índice de Confiança Empresarial tem por objetivo antecipar decisões de curto prazo em termos de investimentos, contratações e crédito, entre outras decisões por parte das empresas. Por isso, esse desempenho pontuado no boletim do último mês de julho é tão significativo e promissor, principalmente pelo fato de a pandemia ainda seguir como uma ameaça que paira sobre a economia Brasil afora.
“Os principais motivadores para este crescimento da confiança dos empresários de pequeno porte podem ser atribuídos ao avanço da vacinação em todo o país, à manutenção, mesmo que com certo atraso, das políticas públicas de preservação dos empregos e ao auxílio emergencial”, explica o gerente adjunto da Unidade de Gestão Estratégica (UGE) do Sebrae Alagoas, Fábio Leão.
“Vale o registro que a demanda reprimida da economia, com o aumento do consumo no comércio e no serviço a partir da flexibilização e abertura econômica, também contribui com grande percentual neste aumento do índice de confiança”, completa.
Metodologia
Para medir o Índice Geral de Confiança das MPE (IC-MPE), Sebrae e FGV consideram uma cesta de outros índices, como o ISA (Índice da Situação Atual) e o IE (Índice de Expectativas) que, juntos, influenciam as decisões dos empresários em seus diversos segmentos econômicos.
Foram calculados o ISA e o IE da indústria, comércio e serviços, incluindo ainda uma análise dos aspectos relativos ao acesso a crédito, às expectativas de contratação e ampliação de investimentos.
O IC-MPE aumentou em 4,1 pontos, divididos pelos seguintes setores: MPE comércio (+ 5,2 pontos), MPE serviços (+4,1 pontos) e MPE indústria (+2,8 pontos).
Os segmentos mais confiantes em termos de empregos futuros, medidos em julho, foram a indústria (com aumento de 19,9% na confiança do setor), o de serviços (com 17,3%, o maior índice desde 2013) e o de comércio (com um aumento de 10,6% dos empresários para os próximos meses).
“Esses percentuais representam as possibilidades de chances de novas contratações setoriais para os próximos três meses. O percentual da indústria é um bom sinalizador, uma vez que este segmento tem o poder de puxar vários outros e diversos elos produtivos, e ainda fornecedores de insumos”, observa Fábio Leão.
“A grande expectativa do setor de serviços, por sua vez, guarda uma relação direta com as agendas de flexibilização da economia por parte dos governos estaduais. Os serviços são diretamente afetados pelo grau de vacinação em todo o país, já que grande parte do seu faturamento somente é possível com a presença das pessoas em eventos, shows e viagens, apenas para citar alguns”, destaca ele.
Já o setor de comércio também apresenta uma boa expectativa de contratação e uma tendência de crescimento para as datas de final de ano, caso a situação de saúde do país continue melhorando.
O Nordeste foi a terceira a se destacar no Boletim de Sondagem Econômica Sebrae/FGV. A região marcou 86,1 pontos (crescimento de +3,8 pontos. O Sul, região mais à frente no levantamento, registrou 110,4 pontos - um crescimento de 9,2 pontos em comparação a sondagem anterior.
Em seguida aparece o Sudeste, com 97,9 pontos, num aumento de +6,2 pontos. Por questões de metodologia do Boletim, as regiões Centro-Oeste e Norte foram agrupadas e responderam, juntas, com um total de 87,4 pontos, representando um crescimento de +0,2 pontos no mês de julho.
“O crescimento das expectativas dos pequenos negócios em todas as regiões do país é um ótimo sinalizador para o planejamento empresarial. A sinalização é importante para que os formuladores de políticas e os agentes públicos intensifiquem sua atenção no apoio aos negócios de pequeno porte. Mesmo com o cenário positivo do mercado, os negócios de pequeno porte necessitam constantemente de apoio, para ampliarem sua produção, investimentos e contratações”, analisa Fábio Leão.
Crédito ainda segue difícil
O gerente do Sebrae Alagoas chama atenção especial para o acesso ao crédito por parte dos pequenos negócios. Para Fábio Leão, as notícias largamente divulgadas na imprensa apontam as elevadas dificuldades em termos de burocracia e demora no acesso ao crédito. Resultado: com um mercado ainda de pouca oferta, o crédito acaba se tornando caro e escasso.
“Nessa sondagem, por exemplo, foi detectado que o grau de exigência no acesso a crédito na indústria ficou 34% mais elevado que a sondagem anterior; 54% moderado e apenas 12% mais baixo em termos de exigência para as empresas deste segmento”, analisa.
“Para as empresas de serviço, o grau de exigência ficou 22% mais alto e 16% mais fácil de acessar recursos na rede bancária. E para o setor de comércio, a grande dificuldade de acesso e exigência ficou mais alto em 11% e mais baixo em 19%. Os números apontam que é relativamente mais fácil acessar crédito pelo setor de comércio, e uma das razões para isto pode ser o rápido fluxo de faturamento e renovação de crédito das empresas do setor, enquanto que as atividades dos demais setores demandam um tempo maior de retorno dos recursos contratados”, explica ele.