Economia

Combustíveis, passagens aéreas e hortifrútis lideram altas da inflação em 12 meses

Produção de alimentos é prejudicada por seca, geadas e desvalorização do real ante o dólar

Por Redação com Jovem Pan 08/10/2021 16h04 - Atualizado em 08/10/2021 17h05
Combustíveis, passagens aéreas e hortifrútis lideram altas da inflação em 12 meses
Produção de alimentos é prejudicada - Foto: Reprodução

A ida dos brasileiros aos supermercados se tornou um verdadeiro desafio há vários meses. Por causa do aumento do desemprego, a queda da renda e o encarecimento dos produtos, o orçamento familiar precisa se readequar constantemente. A alta de 1,16% do (IPCA) em setembro deve aumentar essa pressão. Durante 12 meses, o indicador oficial da inflação foi a 10,25%, o valor mais alto desde fevereiro de 2016. Dos dez subitens que mais subiram no mês, oito fazem parte do grupo dos alimentos. Sendo eles o pimentão, a abobrinha, o etanol que apesar de não ter relação com o grupo agrícola também tem relação  já que é derivado de cana-de-açúcar, ainda tem o repolho, batata doce, pepino, mandioca, açúcar refinado, laranja lima e as passagens aéreas que subiram 56,8% na soma dos últimos 12 meses completando assim as dez maiores elevações.

Os hortifrútis estão como protagonistas entre os vilões da inflação que é reflexo de um cenário de mudanças climáticas e a da desvalorização do real ante o dólar.A produção de verduras, frutas e legumes nos últimos meses foi bastante prejudicada pela falta de chuvas, que também explica a disparada da energia elétrica, e por dois períodos de geadas.

Márcio Fortes, professor do Ibmec e diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) explica que:

A seca e as geadas atingem frontalmente produtos sensíveis, como os hortifrútis. Naturalmente, essa perda resulta em uma produção menor, e pela questão da oferta, acaba levando os preços para cima”.

Apesar da produção de hortifrúti não ter o mercado internacional como principal destino, ao contrário de outros produtos agrícolas, como a soja e o milho, a disparada do dólar também afeta diretamente o preço aos consumidores por causa da variação do câmbio na cadeia que se faz presente com a compra de fertilizantes, que é cotado na moeda norte-americana.

Dentre os itens pesquisados pelo IBGE, os combustíveis lideram a alta, com avanço de 42% desde setembro do ano passado. Além do etanol, o crescimento é puxado pela variação de 39,6% da gasolina, 38,4% do gás veicular e 33% do diesel. Ao lado da energia elétrica, o encarecimento dos combustíveis deve ser o principal moto de impulso do IPCA em 2021. A alta passa pela valorização do barril de petróleo no mercado internacional e, mais uma vez, pela disparidade do câmbio doméstico. 

 “O petróleo em alta reflete o aquecimento do mundo após a passagem da Covid-19, e isso contamina muito os preços. Isso soma com a nossa moeda, que está muito desvalorizada”, diz. Já a alta do etanol está ligada ao mercado sucroalcooleiro, impactado pela variação de outros derivados da cana-de-açúcar. “Depende muito da produção de cana e da oferta de açúcar no mundo. Se o preço açúcar está subindo, então é um desestímulo para a produção de etanol".

Veja a seguir os 15 itens que mais subiram em 12 meses:

• Pimentão 96,3% ;

• Abobrinha 64,9%;

• Etanol 64,7%;

• Repolho 57,9%;

• Passagem Aérea 56,8%;

• Batata Doce 54,2%;

• Pepino 52,5%;

• Mandioca 45,2%;

• Açúcar Refinado 43,9;

• Laranja Lima 40,2%;

• Gasolina 39,6%;

• Gás Veicular 38,4%;

• Açúcar Cristal 38,3%;

• Filé-mignon 37,5%;

• Gás de Botijão 34,6.

Com a alta da inflação o Banco Central foi forçado a acelerar a trajetória de elevação dos juros. A autoridade monetária subiu a Selic a 6,25% ao ano ao acrescentar 1 ponto percentual na taxa na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e afirmou que deve manter esse ritmo no próximo encontro. “A Selic vai terminar onde ela tiver que terminar para que consigamos atingir a nossa meta”, disse Campos Neto no final do mês de setembro.

A autoridade monetária sinalizou que o ciclo de elevação dos juros deve ser maior que o inicialmente projetado. O mercado estima que a Selic encerre 2021 a 8,25% ao ano, e passe para 8,5% em 2022. Na ata do último encontro, o Banco Central sinalizou que a trajetória de alta deve se estender para além do previsto inicialmente.A entidade mira atingir a meta de 2022, e já começa a observar os efeitos da taxa na inflação prevista em 2023.