Economia
Acordo com Braskem pode deixar JHC com bilhões “em caixa”
Equipe do prefeito quer pelo menos R$ 10 bilhões a mais do que teria sido oferecido pela empresa
A Braskem negocia um acordo com a prefeitura de Maceió. A informação consta até dos relatórios oficiais da empresa para o mercado. Porém, a dúvida é quando e em quanto o “Acordo para Reparação Socioambiental” será fechado. Ao que se sabe, as negociações começaram há cerca de seis meses.
A equipe do prefeito João Henrique Caldas (PSB) quer pelo menos R$ 10 bilhões a mais do que teria sido oferecido pela Braskem, revela a coluna Radar, da Revista Veja, em texto do começo deste mês (veja abaixo).
E quanto a Braskem ofereceu à prefeitura? Um importante interlocutor revela que a proposta mais recente estava em R$ 2,5 bilhões, com possibilidade de chegar a R$ 5 bilhões. Se correta a informação de Veja, a prefeitura quer entre R$ 12,5 bilhões e R$ 15 bilhões.
O problema, no entanto, não se resumiria a valores. A equipe do prefeito JHC defende que o valor do acordo seja repassado para a prefeitura. Já os representantes da Braskem parecem preferir que a própria empresa faça uso do recurso em ações (obras e serviços) de reparação, a partir do acordo com o município.
Em outras palavras, poderia ser criado um grupo para definir o que seria gasto em investimentos de obras, custeio, mobilidade, entrega de equipamentos a exemplo de automóveis, mobília de creche, hospital, etc.
A empresa prevê, em seu relatório trimestral, gastos desse tipo.
“Medidas sócio urbanísticas, nos termos do Acordo para Reparação Socioambiental assinado em 30 de dezembro de 2020, com a destinação de R$ 1.580 milhões para adoção de ações e medidas nas áreas desocupadas, ações de mobilidade urbana e de compensação social, sendo R$ 300 milhões para indenização por danos sociais e danos morais coletivos e para eventuais contingências relacionadas às ações nas áreas desocupadas e ações de mobilidade urbana”, diz trecho do documento.
“Adicionalmente, o Acordo para Reparação Socioambiental prevê a eventual adesão de outros entes, incluindo o Município de Maceió. Para este fim, a Companhia vem conduzindo análises adicionais e se encontra em fase de negociação com o Município de Maceió”, revela o relatório.
Independente do valor ou da forma, JHC caminha para ter o maior volume de investimentos na história recente de Maceió.
O Orçamento de Maceió para 2021, que chega a pouco mais de R$ 2,57 bi, prevê investimentos de R$ 156 milhões. O valor mínimo negociado com a Braskem seria 16 vezes maior.
Mesmo que não coloque os recursos “em caixa”, JHC terá, após fechamento do acordo, condições de realizar obras e serviços de impacto em Maceió. Ele ou o vice-prefeito, Ronaldo Lessa. Há quem acredite que o prefeito segue animado com a ideia de disputar o governo já em 2022.
Leia o que diz Veja
Acordo da Braskem com a Prefeitura de Maceió ameaça desmoronar
Deve ruir a tentativa de acordo entre a Braskem e a Prefeitura de Maceió no caso do afundamento de bairros da capital por causa do desmoronamento de minas de sal da companhia.
Quem acompanha a discussão em torno da indenização que a petroquímica deve pagar ao governo municipal — para além da questão das famílias — diz que a pedida da prefeitura supera em 10 bilhões de reais a oferta de indenização da empresa.
Leia na íntegra: Acordo da Braskem com a Prefeitura de Maceió ameaça desmoronar
Veja também relatório da Braskem AQUI.