Economia
Preço da carne continua alto mesmo com embargo chinês
Custo alto de produção para pecuaristas e frigoríficos estão entre os motivos para a manutenção dos valores
Os pecuaristas estão adiando o abate dos animais e os frigoríficos têm segurado o produto em estoque na expectativa da retomada das negociações com a China. Apesar do controle dos casos de vaca louca no Brasil, a interrupção na importação dos produtos brasileiros está mantida pelo país asiático, o que tem impactado na cadeira produtiva brasileira. Desde o início de setembro, a oferta da carne dianteira do boi aumentou por causa do embargo.
Mesmo que o valor da arroba do boi gordo chegou ao menor patamar desde dezembro do ano passado, os preços continuam elevados nas prateleiras. Segundo o pesquisador de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da ESALQ, Thiago Bernardino, os pecuaristas e os frigoríficos continuam com o custo de produção alto, o que justifica a manutenção dos valores.
Segundo Vitor Altenfelder, que é o diretor do Supermercado Rede Economia “A indústria vai buscar manejar essa carne, estocar essa carne na expectativa de uma volta das compras chinesas e também para não derrubar muito os preços, para não derrubar a margem da indústria. Vale lembrar que para manter a carne congelada, tem um custo energético, que está caro, e ela vai precisar manter o padrão dessa carne”. "Ao mesmo tempo, os varejistas têm procurado recuperar as margens operacionais, o que deve fazer com que a queda nos preços da carne bovina demore para chegar ao consumidor final".
“No varejo, o impacto foi de uma queda no consumo por causa do aumento de preço e o poder de renda do consumidor ficou estagnado pela inflação, então tenho menos giro de estoque. Não consigo colocar para o consumidor final uma melhora de preço do que tenho já dos frigoríficos”, afirma.
As negociações entre Brasil e China devem se estender até o ano que vem, já que o país asiático se aproveitou da situação para renegociar contratos de carne com outros países.