Economia
Famílias maceioenses perdem poder de compra após altas no juros e inflação
Resultado negativo reflete política econômica do Governo Federal, aliada a guerra na Europa e os impostos sazonais
Na contramão do país, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) maceioenses vem recuando e, no mês de abril, ficou em 102 pontos, segundo pesquisa realizada pelo Fecomércio Alagoas em pareceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em março também houve queda no índice.
A queda veio após a capital alagoana alcançar a marca de 105,6 pontos, em fevereiro deste ano, a maior pontuação dos últimos 22 anos. O desempenho de Maceió vem na contramão do país, cuja intenção de consumo cresceu pelo quarto mês consecutivo. Mesmo assim, na comparação anual o indicador obteve um aumento de 9,1%.
Considerando que o ICF mensura o grau de satisfação em termos de emprego, renda e capacidade de consumo, o seu recou por dois meses seguidos começa a acender um alerta, embora ainda se mantenha acima dos 100 pontos. “A inflação continua alta e repercute nos preços da cesta básica e dos serviços essenciais, diminuindo o poder de compra das famílias. Se não houver uma mudança neste cenário, a tendência é o consumo continuar recuando”, avalia Victor Hortencio, assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio/AL)
Contexto
A mensuração do ICF considera o grau de satisfação em termos de emprego, renda e capacidade de consumo. O subíndice emprego atual teve redução de -1,9%, mesmo com 46,2% das pessoas se sentindo seguras em seus empregos assim como estavam há um ano. Esta queda se confirma ao se analisar a perspectiva profissional, tendo em vista que 23,3% das pessoas não acreditam que terão alguma melhora profissional nos próximos seis meses e quase 14% nem souberam responder sobre o que espera de seus empregos. Juntos, esses indicadores demostram uma relativa insegurança quanto ao emprego atual. Vale ressaltar que este foi o único subíndice a não variar negativamente em abril, mas com um desempenho positivo de apenas 0,1%, demonstra uma estabilidade e não um crescimento substancial.
Seguindo a tendência de queda, o subíndice renda atual apresentou variação mensal de -0,4%. No geral, 51,4% das famílias afirmam que a renda é igual ao do ano passado. “Isso reflete a persistente perda do poder de compra das famílias com o crescimento sustentado da inflação, que se encontra na casa dos dois dígitos há mais de oito meses”, reforça Victor.
Ainda de acordo com a pesquisa, o acesso ao crédito recuou – 1,9% e a intenção de consumir em bens duráveis (eletrodomésticos, TV, som, entre outros) caiu -2,7%. Em uma análise conjunta, percebe-se que a falta de disponibilidade facilitada de crédito gera um momento não propício à aquisição de duráveis. Neste contexto, 52,7% das famílias da cidade de Maceió disseram ser um mau momento para comprar este tipo de produto.
Outros subindicadores que recuaram foram o de perspectiva de consumo das famílias, com -6,8%; e o de nível de consumo atual, regredindo -6,2%. Como consequência, 51,5% das famílias acham que o consumo será menor do que o do ano passado, enquanto 45,8% delas admitem estar consumindo menos.
No geral, mesmo com a tendência de normalidade das atividades comerciais em decorrência do avanço positivo no combate ao coronavírus (covid-19), as famílias entrevistadas acham que o consumo tende a diminuir. Na opinião do economista, além da inflação e alta dos preços, o resultado negativo do ICF também é reflexo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a qual afeta a precificação das mercadorias; e, ainda, da chegada dos impostos sazonais e que tiveram aumento.