Economia

Dono de posto acusa distribuidores por “queda lenta” do preço gasolina em Alagoas

O preço da gasolina caiu 40 centavos de real na Petrobrás desde o dia 17 de maio, mas até o momento os preços só caíram, em média, 20 centavos nos postos do país

Por Blog de Edivaldo Junior 31/05/2023 06h06
Dono de posto acusa distribuidores por “queda lenta” do preço gasolina em Alagoas
. - Foto: Reprodução/ Ilustração

A cantilena é sempre a mesma. Na hora de subir o preço da gasolina (e não só dela), os posto não perdem tempo. Quando é para baixar, a história é outra. Já se vão quase duas semanas que a Petrobas anunciou a redução dos valores, mas o repasse ainda não chegou integralmente aos consumidores, nem em Maceió, nem em Alagoas ou no Brasil.

O preço da gasolina caiu 40 centavos de real na Petrobrás desde o dia 17 de maio, mas até o momento os preços só caíram, em média, 20 centavos nos postos do país em média. Em Alagoas, a redução foi de 18 centavos e na capital alagoana de 19 centavos.

O consumidor reclama, com razão. Mas os donos de postos avisam que não tem culpa. E quem é o responsável? O proprietário de posto em Alagoas com quem conversei esta semana dá uma “dica”. Ele manda nota explicativa da Fecombustíveis (veja abaixo) e pede para fiscalizar os distribuidores.

“Amigo , Edvaldo! Segue nota da Fecombustiveis que talvez ajude a entender o momento que passa a revenda e os preços dos combustíveis no país! Só p lembrar q os donos de postos não estão nadando em mares de dólares, não ! Assim como todos os brasileiros que trabalham honestamente estão lutando pela sobrevivência ( salvo algumas exceções). Abraço sempre cordial!”, disse em mensagem de aplicativo.

Fique atento


A diferença de preços nos postos de Maceió chega, em média, a 10 centavos. Em alguns postos da parte baixa da cidade o combustível estava sendo vendido por R$ 5,37 em média. Em outros postos, o valor segue ainda em R$ 5,45. O consumidor deve ficar atento e procurar um posto confiável, que tenha um preço mais baixo.

Veja quanto caiu o preço da gasolina de acordo com a Agência Nacional do Petróleo

GASOLINA COMUM


Preço médio de revenda de acordo com pesquisa realizada pela ANP nos postos de combustíveis:

14/5/2023 20/5/2023

BRASIL R$/l 5,46

ALAGOAS R$/l 5,69

MACEIO R$/l 5,64

21/5/2023 27/5/2023

BRASIL R$/l 5,26

ALAGOAS R$/l 5,51

MACEIO R$/l 5,45

Faça sua pesquisa: Faça aqui a sua pesquisa na página da ANP

Veja a nota

Nota da Fecombustíveis


A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) informa que o mercado de combustíveis no Brasil segue regime de preços livres e não de preços controlados. Hoje, os postos de todo o país estão sendo fiscalizados pelos Procons, demandados pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), que criou um canal para receber denúncias de postos que não estejam cobrando preços justos de gasolina e óleo diesel ou sob alegação de preços abusivos.

O que são preços abusivos?


No regime de preços livres em que se pauta o mercado de combustíveis, não há qualquer tipo de tabelamento, valores máximos e mínimos, participação do governo na formação de preços, nem necessidade de autorização prévia para reajustes de preços.

Desde 1997, o governo federal deixou de controlar o preço dos combustíveis comercializados nos postos de combustíveis. A partir da edição das Portarias Interministeriais 294/97 e 240/2001, os preços são livres e devem se formar de acordo com a dinâmica de oferta e demanda, em um ambiente de livre mercado.

Como funciona o mercado


Os postos de combustíveis compram gasolina e óleo diesel das distribuidoras e não das refinarias. Portanto, não se pode cobrar o repasse integral da queda de preços nas refinarias da Petrobras de R$ 0,40 da gasolina e de R$ 0,44 do óleo diesel nos postos porque as distribuidoras incluem outros custos, além do preço da Petrobras.

As refinarias vendem gasolina A (pura) e óleo diesel A (puro) para as distribuidoras. Quando os produtos chegam nas bases de distribuição são adicionados os biocombustíveis. No caso da gasolina é acrescentado 27% de etanol anidro. Esta gasolina com a mistura recebe o nome de gasolina C, que é a vendida nos postos. O mesmo ocorre com o óleo diesel que recebe adição de 12% do biodiesel, tornando o diesel B, comercializado nos postos. Considerando apenas a composição do combustível (sem impostos): 73% da gasolina é o custo das refinarias e 27% é o custo do etanol anidro. No caso do diesel, 88% é o custo das refinarias e 12% inclui o preço do

biodiesel.

Além dos custos dos biocombustíveis, as distribuidoras também incluem os custos de logística para realizarem todo suprimento de combustíveis no país.

Para reduzir os preços, os postos dependem dos preços cobrados pelas distribuidoras, que dificilmente será na mesma proporção dos custos das refinarias pelas características de funcionamento deste segmento. Ou seja, um terço do custo total dos combustíveis pagos pelo consumidor é referente à refinaria.

Outro importante aspecto é que a Petrobras também não é única supridora dos combustíveis, há outras refinarias privadas, cuja referência é a cotação do petróleo no mercado externo, como é o caso da Ream (Norte do país) e da Refinaria Mataripe, controlada pela Acelen (Bahia).Além disso, deve-se considerar o volume de produtos importados, que não seguem os preços da Petrobras, mas, sim, da cotação do mercado internacional. Em torno de 20% do óleo diesel e mais de 10% da gasolina são importados.

Vale destacar que a competição no setor da rev
enda de combustíveis é muito acirrada, são cerca de 42 mil postos de combustíveis no país, cujas margens são bem apertadas e, na grande maioria das capitais, estão abaixo de 10% bruto. Portanto, dificilmente, o consumidor será explorado com preços fora do patamar do mercado, já que num regime de preços livres quanto maior a competição, melhor será o preço ao consumidor final.